Greve avança se contratarem "trabalhadores estranhos à profissão"
O presidente do Sindicato dos Estivadores defende que a greve no porto de Lisboa, que começa no sábado e se prolonga por 20 dias, só terá impacto se as entidades empregadoras contratarem "trabalhadores estranhos à profissão".
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Economia Estivadores
"Sabemos que neste momento estão a decorrer processos de recrutamento e formação de trabalhadores para nos substituírem. A partir de amanhã [sábado], data em que caduca o acordo coletivo de trabalho, vão sentir-se à vontade para por trabalhadores estranhos à profissão a fazer o trabalho dos estivadores", afirmou à Lusa António Mariano.
Se isso acontecer, explicou, "a greve aplicar-se-á em todas as operações realizadas em qualquer terminal", adiantando que o sindicato teve este modelo de greve durante seis meses em 2013 e "só fez greve durante um dia, quando foram postos camionistas de fora a fazer o trabalho dos estivadores".
A greve estende-se aos portos de Setúbal e da Figueira da Foz para abranger cargas ou navios que possam vir a ser desviados do porto de Lisboa, devido ao contexto de greve, adiantou o dirigente sindical.
Em declarações à Lusa, o presidente do Sindicato dos Estivadores conta que estão a decorrer ações de formação para habilitar "mão-de-obra desnecessária ao setor", com o intuito de "aniquilar os atuais profissionais da classe" e "aumentar os lucros dos grandes grupos económicos".
O Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal entregaram dois pré-avisos de greve à prestação de trabalho no porto de Lisboa, com incidência nos portos de Setúbal e da Figueira da Foz, a partir das 08:00 de 14 de novembro até às 08:00 de 04 de dezembro.
Os operadores do porto de Lisboa consideraram hoje "irracional" a greve dos estivadores, realçando que terá prejuízos económicos e de credibilidade "enormes" e "irreversíveis".
"Estamos na fase em que começamos a recuperar o que tínhamos perdido nos seis meses de greves em 2012 e três meses em 2013 e todo o trabalho foi em vão. Depois de quase dois anos a trabalhar o mercado, temos uma greve que é absolutamente incompreensível", afirmou Rodrigo Moura Martins, da direção da Associação de Operadores do Porto de Lisboa (AOPL).
Em declarações à Lusa, na véspera de uma greve de dez dias, o responsável considerou o protesto convocado pelo Sindicado dos Estivadores "irracional", por querer salvaguardar no acordo coletivo de trabalho, que estava a ser negociado, cláusulas que vão contra o regime jurídico do trabalho portuário, alterado em setembro de 2012.
Essa lei, acrescenta, foi aprovada na Assembleia da República pelo PS, PSD e CDS-PP e está "pacificamente em vigor no resto do país".
Confrontado com o facto de a legislação ter sido aceite nos outros portos, António Mariano referiu que se trata de "continuar a lutar pelos direitos", admitindo a possibilidade de prolongar o período de luta, antecipando que "a questão não vai ter uma solução rapidamente".
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