Agricultores realçam "estabilidade" na implementação do Portugal 2020
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou hoje para a importância da "estabilidade" na implementação do Portugal 2020 e da "rapidez no pagamento das ajudas" comunitárias, independentemente das eventuais "alterações políticas" decorrrentes das eleições legislativas de outubro.
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Economia CAP
"Os agricultores manifestaram alguma preocupação com as eleições do dia 04 de outubro e com [eventuais] alterações políticas, quer seja com a coligação [PSD/CDS-PP], quer seja com o Partido Socialista, que levem a algum impasse do ponto de vista da implementação do quadro [comunitário de apoio] e do pagamento das ajudas aos agricultores, que são fundamentais", afirmou o presidente da CAP em declarações à agência Lusa.
João Machado, que falava no final da reunião do Conselho Consultivo do Entre Douro e Minho da confederação, que hoje decorreu em Ponte de Lima, Viana do Castelo, salientou ter sido pedido pelos agricultores à CAP "que sensibilizasse quem ganhar as próximas eleições para que haja estabilidade nas medidas e, sobretudo, rapidez na aprovação dos projetos de investimento e no pagamento das ajudas".
"Há uma recomendação clara de que as coisas tenham continuidade e não haja interrupções neste tipo de políticas, que tem que ter um horizonte mais longo do que uma legislatura", acrescentou.
Na reunião de três horas e meia que hoje juntou diversos dirigentes associativos regionais do Entre Douro e Minho, João Machado disse também ter merecido destaque a manifestação de agricultores da passada segunda-feira em Bruxelas e os 500 milhões de euros anunciados na terça-feira pela Comissão Europeia para apoiar os agricultores prejudicados pelo embargo russo aos produtos europeus.
"Estamos numa zona onde a questão do leite e da carne são extraordinariamente importantes (é uma bacia leiteira e de produção de gado) e as medidas anunciadas -- que teremos agora de ver como vão ser implementadas em Portugal - parecem-nos claramente insuficientes. A crise no setor do leite é muito profunda, tem muito a ver com o final das quotas, mas também com razões de mercado e com o embargo russo, e parece-nos que os 500 milhões de euros são muito insuficientes", afirmou.
De acordo com o presidente da CAP, os agricultores portugueses partilham neste momento um "sentimento misto": se por um lado "há o sentimento positivo de um setor que tem vindo globalmente a crescer, a criar emprego, a exportar mais, a substituir importações e a ter bons resultados, depois há um sentimento de alguma insegurança que tem a ver com a crise que se está a viver por causa do embargo russo, do decréscimo de alguns consumos no mercado internacional e da situação agora levantada em relação ao leite, que também tem a ver com o fim das quotas".
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