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Há muitas empresas geridas por incompetentes amigos do patrão

Em entrevista do Jornal de Negócios, Paulo Morgado, líder em Portugal da Consultora Cap Gemini, afirma que há muitos gestores incompetentes em Portugal, que deviam por isso ser despedidos com mais facilidade que um trabalhador, até pelo salário que auferem. O gestor da multinacional fala ainda sobre as “empresas zombies”, geridas por amigos do patrão, que apesar dos problemas de facturação não vão à falência.

Há muitas empresas geridas por incompetentes amigos do patrão
Notícias ao Minuto

07:23 - 25/01/13 por Notícias Ao Minuto

Economia Portugal

‘Qual a responsabilidade dos gestores na crise?’ é o ponto de partida da entrevista do Jornal de Negócios, ao gestor da multinacional Cap Gemini, Paulo Morgado.

Começando por defender que “um gestor é alguém que, com recursos escassos cria valor”, o gestor português admite que “tivemos muitas pessoas que se diziam gestores e que ocupavam cargos de administração de empresas mas que, sobretudo, (…) eram um transmissor da vontade do accionista”.

“Nos últimos anos houve acesso muito fácil a dinheiro (…), [por isso] era fácil ser gestor: cada vez que havia um problema, havia financiamento para tapar esse problema”, critica Paulo Morgado, salientando que estas empresas “foram meios de acelerar a absorção de dinheiro que abundava”.

Este círculo de incompetência “deriva também da má preparação de pessoas que foram para lugares de administradores”, defende o gestor, lembrando que “um incompetente tem [depois] a tendência de se rodear de incompetentes”.

Mas porque não são afastados estes gestores? “Em Portugal gestores despedidos? Só se forem treinadores de futebol. Não me lembro de gestores despedidos. Gestores despedidos por falta de competência, não me lembro. Mas lembro-me de gestores despedidos em multinacionais” porque neste caso “tem todos os anos o cutelo sobre o pescoço, tem resultados para atingir”, responde Paulo Morgado.

Na mesma entrevista, Paulo Morgado refere que para ser administrador em Portugal é preciso “ter amigos”. “Há muitos administradores que vão rodando pelas várias empresas públicas (…), o Estado tem esse conjunto de pessoas da sua confiança”, são pessoas que pertencem ao “Bloco Central e que vão rodando independentemente de ser o PS, PSD ou PP no Governo”, destaca.

Um exemplo de boa gestão é o caso das empresas do Norte, considera o gestor, porque “aí vê-se o verdadeiro empresário: que quer crescer, quer comprar mais empresas, quer poder dizer que está em vários países do Mundo”.

Ao contrário do que acontece noutras regiões do País, nomeadamente em Lisboa, onde “há muita gente ao nível da gestão de topo que não acrescenta o valor que o salário exige (…) e que depende de pessoas mais juniores”, o que remete para “um problema que gerará sempre incompetência em Portugal: a nossa lei laboral”.

Por isso defende uma legislação “segmentada” porque “é completamente diferente um trabalhador ganhar 100 mil euros por ano e 700 euros/mês. Esta luta pela sobrevivência, quando é despedido merece ter um certo número de meses que lhe permita pelo menos encontrar um emprego. O outro teve obrigação de poupar, se calhar vê-se aflito para pagar a casa de praia ou o carro de alta cilindrada”, portanto “esse devia ser muito fácil de despedir”.

Paulo Morgado avisa que “as gorduras da gestão estão sobretudo em cima”, contestando que ninguém meça “a produtividade de uma pessoa da alta direcção”, onde “se passam facturas, discutem ideias, vai-se ao restaurante falar de estratégia, de futebol, política”.

Comparando a estrutura do poder empresarial ao jogo Mikado, o gestor da multinacional Cap Gemini remata que “tiramos algumas peças facilmente, mas depois vai sendo cada vez mais difícil tirar peças, que já tocam em outras peças, e à medida que se avança a malha é mais trincada”.

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