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Bava, Granadeiro e Oi "sabiam da aplicação" da PT no GES

O ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) assegurou hoje que os líderes da PT, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, e os acionistas da Oi conheciam a aplicação da operadora em dívida de 'holdings' do Grupo Espírito Santo (GES).

Bava, Granadeiro e Oi "sabiam da aplicação" da PT no GES
Notícias ao Minuto

18:59 - 19/03/15 por Lusa

Economia Ricardo Salgado

"O dr. Henrique Granadeiro e o engenheiro Zeinal Bava sabiam", afirmou Ricardo Salgado perante os deputados que integram a comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.

E realçou: "Os acionistas da Oi sabiam da operação e depois desmentiram. Tanto sabiam que estava no prospeto de aumento de capital da Telemar. Sabiam que já estava uma aplicação importantíssima na ESI [Espírito Santo International ] desde 2000".

Perante as questões colocadas pelo deputado do PS Pedro Nuno Santos sobre a matéria, o banqueiro salientou que "a PT [Portugal Telecom] não investiu de mão beijada no grupo".

Segundo Salgado, "no âmbito em que foi estabelecida a provisão de 700 milhões de euros devido à infelicidade da ESI, todos os que eram financiadores da ESI tentaram fazer arbitragem das suas posições com a Rioforte".

O responsável acrescentou que "os investidores na ESI pediram para arbitrar as suas posições com a dívida da Rioforte".

Salgado sublinhou que "a parceria estratégica [entre o BES e a PT] desenvolveu-se em várias áreas, ilustrando que "o BES apoiou a PT na compra da licença da Vivo, que foi um investimento enorme, e apoiou a PT em quase todas as operações internacionais".

Além disso, o BES era um grande acionista da PT, com uma posição na ordem dos 10%.

Já do lado da operadora, a retribuição era feita a partir do investimento de boa parte dos fundos de tesouraria em produtos financeiros do BES e do GES.

"A PT mantinha aplicações no BES e no GES. A PT tinha as aplicações na ESI, portanto, a aplicação na ESI foi deslocada para a Rioforte por sugestão da área financeira, eu não sei por quem, mas lembro-me de me perguntarem se a PT não ficaria melhor na Rioforte do que na ESI. Se não foi o dr. Amílcar, foi outra pessoa. Mas não foi uma aplicação nova. Foi uma renovação", vincou.

"Dentro da estratégia de desenvolvimento que estava em marcha, o que aconteceu foi que a PT participou no aumento de capital da Telemar, e eu não participei nisso. A única coisa que eu fiz foi sugerir o prolongamento da aplicação por um ano ao dr. Henrique Granadeiro", frisou.

E realçou: "Infelizmente, concretizaram-se as previsões que eu fiz sobre o colapso do grupo".

Neste ponto, Salgado aproveitou para dar a sua versão dos factos relativos às reuniões que solicitou ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

"Ao contrário do que li na imprensa, eu não fui ao primeiro-ministro queixar-me do senhor governador, fui lá explicar a iminência do colapso do grupo", realçou.

Voltando ao tema da PT, que não foi reembolsada pelas suas aplicações próximas de 900 milhões de euros em dívida do GES, o que levou a uma revisão das condições de combinação de ativos com a brasileira Oi, com claro prejuízo para a operadora portuguesa, Salgado revelou que manteve diretamente contactos com Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, que à data eram presidente executivo e presidente, respetivamente, da PT.

"O que eu pedi ao engenheiro Zeinal Bava e transmiti ao dr. Henrique Granadeiro foi que se prolongasse a aplicação por um ano. Nós não estávamos em risco de colapso. O colapso só aconteceu depois do aumento de capital", frisou.

"Falei com o Henrique e falei com o Zeinal. Eles deviam considerar que a vantagem toda não fosse para o lado brasileiro. Não falei de datas, nem de montantes", acrescentou o ex-presidente do BES.

"A nossa área financeira propôs à área financeira da PT que se passasse [a aplicação da operadora] para a Rioforte que estava mais protegida", disse.

Pedro Nuno Santos perguntou a Salgado porque é que não interveio na altura em que a Oi alegou o desconhecimento da existência desta aplicação para condicionar os termos da fusão com a PT.

"A partir de uma certa altura eu estava de tal forma envolvido nesta situação terrível do BES. A 20 de junho começou o colapso", justificou.

"Se ainda liderasse o banco, tinha dito a Oi sabe", questionou o deputado socialista.

"Seguramente", foi a resposta dada por Salgado, que fez questão de dizer que quem devia ter assumido essa posição eram os então líderes da PT.

"O dr. Henrique Granadeiro e o engenheiro Zeinal Bava sabiam", exclamou.

Face à insistência do deputado socialista sobre o seu silêncio sobre a revisão dos termos do negócio entre as operadoras portuguesa e brasileira, Salgado voltou a afirmar que as suas atenções, à data, estavam apenas viradas para o banco.

"Não me recordo desse período, eu estava completamente envolvido no BES", assinalou.

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