Durão Barroso desmitificou hoje o que apresentou como seis mitos sobre a crise do euro, ao participar no ‘Seminário Diplomático 2013’, com o tema ‘Projectar Portugal’ a decorrer na Fundação Champalimaud, em Lisboa.
O presidente da Comissão Europeia começou por dizer que existe um primeiro mito, de que a crise nasceu na Europa, argumentando que, pelo contrário, “a crise nasceu do lado de lá do Atlântico” provocada por práticas “algumas delas criminosas” no subsector dos créditos de alto risco, passando depois para a economia real.
Um segundo mito, de acordo com Barroso, é o de que “a Europa é o doente da economia mundial”. Ainda ontem, o prémio Nobel de economia, o norte-americano Joseph Stiglitz, afirmou que a Europa constitui o principal risco para a economia mundial em 2013.
O terceiro mito, de acordo com o presidente da Comissão é que “o euro foi a causa da crise”. “Falso. A nossa moeda não está na origem da crise. O euro mantém-se forte e estável e continua a ser a segunda moeda de referência mundial”, argumentou Barroso.
Um quarto mito apontado por Barroso é o de que “as instituições europeias não actuaram a tempo”. O responsável frisou que é preciso “não confundir as decisões das instituições europeias com a aprovação dos Estados-membros”, exemplificando que os estados membros não aprovaram uma proposta apresentada pela Comissão para dar poderes ao Eurostat para averiguar irregularidades como as das contas gregas.
Um quinto mito é o de que “a Europa não mostrou solidariedade com os países do euro em crise, ou é preciso um outro plano Marshal”, prosseguindo que outro mito é o de “a União Europeia estar a impor austeridade aos cidadãos”. Explicou Durão Barroso que “com ou sem euro ou União Europeia este tipo de política teria de ser aplicado”, nomeadamente porque é necessária a redução dos défices excessivos e que, por exemplo, o Reino Unido também apresentou um rigoroso programa orçamental mas não tem nada a ver com o euro nem está sob qualquer resgate.
Na mesma ocasião, Barroso afirmou que “a crise financeira veio expor que a arquitectura da união monetária não estava completa”. “Não dispúnhamos de políticas económicas alinhadas. Tínhamos um navio preparado para o bom tempo mas que se revelou demasiado frágil para enfrentar a tempestade”, comparou o presidente da Comissão Europeia. E adiantou: “Estamos a construir um navio de maior porte no meio da tempestade e não é fácil construir um navio no meio da tempestade”.