Recapitalização não porque Estado ficaria dono "do mau e dos riscos"
Maria Luís Albuquerque, em entrevista ao site Observador, revela esta terça-feira que o desfecho dos problemas encontrados no BES poderia ter sido diferente se o banco tivesse pedido ajuda, tal como fizeram outras entidades. Instada a responder sobre o facto de uma possível recapitalização em agosto, a ministra foi perentória na sua resposta: não, porque o Estado ficaria ‘dono’ "do mau e dos riscos".
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Economia ministra das Finanças
“Se o BES, no momento em que os outros bancos pediram apoio público, o tivesse pedido, seria diferente”, afirma ao Observador a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, acrescentando depois à sua afirmação a palavra “eventualmente”, explicando que “é muito difícil saber o que poderia ter acontecido se outros cenários tivessem acontecido”.
Sobre o banco, um tema que Albuquerque tratou com pinças, a ministra esclarece que depois de ter recebido um pedido de empréstimo estatal à holding não financeira do grupo o recusou. Porquê? “Um empréstimo a uma entidade não bancária não nos parece razoável”, justifica a ministra, sobretudo porque considera que acabaria por “envolver os contribuintes”.
“Nem sequer existe nenhum enquadramento legal em que tal coisa pudesse ser feita. Para além de não me parecer de todo razoável, temos imensas empresas em dificuldade em Portugal a quem o Estado não concede empréstimos, não faz parte das funções do Estado”, sumariza a responsável pela pasta das Finanças.
Por fim, forçada a responder se não seria possível ter pedido às instâncias europeias para que concedessem mais tempo para um recurso a uma recapitalização, Maria Luís esclareceu que faltava enquadramento legal para uma solução desse tipo e que a acontecer “o Estado tornar-se-ia acionista, de tudo. Da parte boa, da parte má e dos riscos. A resolução é uma solução melhor para o país, melhor para os contribuintes”, conclui.
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