"Não tive conhecimento de que ninguém tivesse exigido que fosse feito um provisionamento específico para o BESA. A opinião que existia dentro do banco é que a garantia do Estado angolano estava válida", justificou o responsável no parlamento.
Ainda assim, Bento admitiu na sua audição na comissão de inquérito ao caso BES que "uma exposição desta natureza da casa-mãe a uma subsidiária é anormal".
Logo, dados os elevados montantes em causa, esta exposição excessiva "devia ter tocado campainhas de alerta", realçou.
Questionado sobre se a garantia soberana de Angola caiu por causa da medida de resolução aplicada ao BES, Bento não deu uma resposta fechada.
"Do ponto de vista cronológico a sequência é essa, do ponto de vista causal, não sei", afirmou.
Isto, porque o Banco de Portugal anunciou a intervenção pública no BES a 03 de agosto e a administração de Bento foi informada no dia seguinte de que a garantia estatal de Luanda à dívida contraída pelo BESA junto ao BES tinha sido retirada, ficando sem efeito.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".
Será também avaliado, por exemplo, o funcionamento do sistema financeiro e o "processo e as condições de aplicação da medida de resolução do BdP" para o BES e a "eventual utilização, direta ou indireta, imediata ou a prazo, de dinheiros públicos".
A 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.