"A troika foi-se embora, mas ficaram muitas destruições"
Manuela Ferreira Leite esteve no programa Política Mesmo da TVI 24 onde comentou a fusão da PT Portugal com a operadora brasileira Oi. ?O que está a acontecer à PT transmite uma sensação de perda?, disse a antiga ministra das Finanças.
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Economia Manuela Ferreira Leite
“O que está a acontecer à PT transmite uma sensação de perda”, começa por dizer Manuela Ferreira Leite no programa Política Mesmo, na TVI 24.
“A PT que teve origem nos telefones de Portugal foi-se afirmando, crescendo e tornou-se na primeira empresa portuguesa a apostar em inovação, tecnologia, mas teve de olhar para o mercado internacional para se expandir à sua dimensão e hoje, acaba por ser absorvida por uma empresa que a vai vender como salvados”, recorda a antiga ministra das Finanças
“É uma referência de uma empresa portuguesa que se perde”, continua.
Para explicar esta fusão, Manuela Ferreira Leite acredita que houve um problema de gestão. “Tem a ver com problemas de gestão e é um exemplo triste de uma empresa que sempre nos vendeu a ideia de que no privado tudo é bom e no público tudo é mau”.
Para a antiga ministra deveria ter existido intervenção por parte do Estado, mesmo que a União Europeia não o permitisse. “Tenho dúvidas da não intervenção do Estado neste sector. Se tem havido a intervenção isto não teria sucedido. Nos sectores importantes da economia é bom que às vezes o Estado ponha ordem naquilo que não pode estar em desordem. Nestes casos deveria ser possível a intervenção do Estado, mesmo que a União Europeia não permita”.
“A empresa é privada, mas tem uma importância decisiva na economia do pais e o Estado não deveria estar ausente da necessidade de intervenção”, continua.
Ao analisar toda a situação nos últimos meses, a antiga ministra das Finanças, disse que é importante que se faça um balanço para perceber em que estado está a economia portuguesa. "A troika já se foi embora e estamos perante tantas destruições. Não sabemos se o que está a acontecer é resultado da bancarrota ou se também está relacionado com a forma com que o projeto da troika foi aplicado, a chamada destruição não virtuosa. Deveria ser feito um balanço para não sermos mais surpreendidos e para nos acautelarmos de outras medidas que estão para vir", referiu a antiga líder do PSD.
Quando questionada sobre o que está para vir, Manuela Ferreira Leite fala da privatização da TAP, considerando que terá de haver prudência.
"Há caminhos alternativos. A velocidade de ajustamento não teria que ser esta. Talvez as coisas fossem diferentes. É tempo de haver um balanço", acrescenta.
Ainda sobre as declarações da ministra das Finanças e do primeiro-ministro sobre os contribuintes sairem lesados do caso BES, Manuela Ferreira Leite afirma: “Nunca acreditei que o caso BES nunca iria atingir os contribuintes. Não percebo porque é que só é dito agora".
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