Em declarações à emissora France Info, citadas pela Efe, Lescure abordou a revisão inesperada da dívida pela S&P, que estava programada para novembro, e as razões apresentadas pela agência.
"Sejamos responsáveis para convencê-los de que as nossas estimativas são boas", disse Lescure, depois de a agência de notação ter justificado a revisão com a pouca confiança nas previsões oficiais do défice.
O ministro disse acreditar que as previsões poderão ser cumpridas e que cabe ao "governo e ao parlamento convencer os observadores, as agências de notação e os mercados financeiros".
Na revisão publicada na noite de sexta-feira, a S&P refere que, apesar da apresentação do projeto de orçamento para 2026, com o objetivo de reduzir o défice para 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB), "a incerteza sobre as contas públicas francesas continua elevada".
Depois de um défice de 5,8% do PIB em 2024, a agência de notação acredita que França cumprirá este ano o objetivo de 5,4%, mas que, "na ausência de medidas adicionais significativas" para a sua redução, a descida "será mais lenta do que o previsto anteriormente".
Junto do seus parceiros europeus, França comprometeu-se a que o défice das finanças públicas diminuísse nos próximos anos e ficasse abaixo dos 3% em 2029 - o limite fixado pelo Pacto de Estabilidade e o valor com que se estima que a dívida pública deixe de crescer.
O Ministério da Economia e Finanças diz que é responsabilidade partilhada de Governo e parlamento conseguir a aprovação de um orçamento que cumpra o projeto apresentado esta semana e que reduza o défice para 4,7%.
Já o primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, com o objetivo de evitar que os socialistas apoiassem moções de censura - dada a importância do seu voto para evitar uma nova queda de um governo seu - admitiu uma margem adicional para negociar o orçamento, ainda que insistisse que o défice tenha de ficar abaixo de 5% do PIB.
De igual forma, anunciou a suspensão da aplicação da reforma das pensões, que adia de 62 para 64 anos a idade mínima de reforma - uma exigência para os socialistas.
O debate sobre o orçamento francês para 2026 tem início formal na próxima segunda-feira, na comissão de Finanças da Assembleia Nacional, devendo ficar marcada pela tensão política.
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