Procurar

BBVA diz que fim de OPA ao Sabadell é "oportunidade perdida para todos"

O presidente do BBVA, Carlos Torres, considerou hoje que o fracasso da OPA hostil do banco que lidera ao também espanhol Sabadell se traduz "numa oportunidade perdida" para todos e assegurou que não se demite por causa deste desfecho.

BBVA diz que fim de OPA ao Sabadell é "oportunidade perdida para todos"

© Getty Images

Lusa
17/10/2025 09:55 ‧ há 21 horas por Lusa

Economia

Carlos Torres

Carlos Torres, que insistiu na Oferta Pública de Aquisição (OPA) hostil para o BBVA absorver o Sabadell ao longo de um ano e meio, e apesar de diversos obstáculos regulatórios e políticos, disse hoje, numa conferência de imprensa em Madrid, que a operação teria sido "fantástica", mas o fracasso "não é razão para demissão".

 

O presidente do BBVA assegurou que, além disso, se sente "plenamente apoiado" pelo Conselho de Administração do banco e pela assembleia de acionistas.

O cargo que ocupa "não dependia do resultado deste processo", afirmou Carlos Torres, que acrescentou que todas as decisões foram tomadas pelo conjunto do Conselho de Administração, incluindo a de avançar com a OPA.

O BBVA não conseguiu levar a bom porto a OPA sobre o banco catalão Sabadell, não alcançando sequer 26% do capital da instituição financeira, disse na quinta-feira a Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) de Espanha.

O banco basco conseguiu 25,47% do capital do Sabadell, longe do objetivo inicial de 50%, que lhe teria dado o controlo da entidade catalã.

Carlos Torres mostrou hoje respeito pelos acionistas do Sabadell que recusaram a oferta, mas insistiu em que era "boa para todos: clientes, acionistas, trabalhadores, Espanha e Europa".

"É uma oportunidade perdida para todos", afirmou.

O presidente do BBVA não revelou a que grupos de acionistas se deveu o fracasso da OPA, mas disse, ainda assim, que acredita que os grandes investidores e os acionistas institucionais do Sabadell aceitaram a oferta "em grande medida" e que foram os pequenos que não responderam.

"Talvez pela expectativa de que haveria uma segunda OPA", que poderia ocorrer caso tivesse sido alcançado um mínimo de 30%, afirmou Carlos Torres, que considerou que houve "sem dúvida" também uma influência da oposição pública do Sabadell à operação.

Numa entrevista à rádio catalã RAC1 antes da conferência de imprensa, Carlos Torres garantiu que este é um "capítulo fechado", depois de ter sido questionado sobre a possibilidade de haver nova OPA do BBVA ao Sabadell no futuro.

Carlos Torres revelou ainda que falou por telefone na quinta-feira à noite com o presidente do Sabadell, Josep Oliu, "para lhe desejar o melhor a ele e ao seu banco".

O BBVA tinha já emitido um comunicado na quinta-feira à noite, após ser conhecido o desfecho da OPA, em que Carlos Torres assegurava que o banco olha para o futuro "com confiança e entusiasmo" e que o plano estratégico e os objetivos anunciados em julho para o período 2025-2028 se mantêm e que o BBVA continuará "à frente da banca europeia em crescimento e rentabilidade".

O banco espera conseguir lucros de aproximadamente 48 mil milhões de euros e destinar 36 mil milhões para retribuição a acionistas, segundo as metas anunciadas em julho.

De forma imediata, segundo o mesmo comunicado, o BBVA vai acelerar essa retribuição e em 31 de outubro iniciará a recompra de ações pendentes no valor de mil milhões de euros. Em 07 de novembro pagará o maior dividendo da sua história, de 32 cêntimos por ação, num total de 18 mil milhões de euros.

"E assim que houver aprovação do Banco Central Europeu poremos em marcha um significativo programa adicional de recompra de ações", acrescentou Carlos Torres.

A tentativa de fusão do BBVA com o Sabadell visava criar um dos maiores bancos europeus, com cerca de um bilião de euros em ativos, mais de 135 mil trabalhadores no mundo (incluindo 19.213 do Sabadell) e mais de 7.000 agências. A nova entidade teria superado o CaixaBank (proprietário do BPI) em ativos, tornando-se o segundo maior banco de Espanha, atrás apenas do Santander.

Desde o lançamento da OPA, em maio de 2024, o processo enfrentou várias dificuldades regulatórias.

O regulador do mercado aprovou a operação apenas em abril deste ano, e o Governo espanhol condicionou a fusão à manutenção separada das personalidades jurídicas, patrimónios e gestões de ambos os bancos durante três anos, com possibilidade de prolongamento por mais dois. Bruxelas abriu um processo de infração devido à legislação que permitiu ao Governo impor essas condições.

Além do Governo de Espanha, também o executivo regional da Catalunha (ambos liderados pelos socialistas) manifestou reservas à fusão dos dois bancos.

A OPA foi ainda criticada por cerca de 70 associações empresariais e sindicatos.

O banco basco havia definido como requisito mínimo obter 50% do capital do Sabadell. Caso conseguisse entre 30% e 50%, poderia manter a participação, mas seria obrigado a lançar uma segunda OPA totalmente em dinheiro --- ao contrário da atual, que propunha apenas a troca de ações.

Qualquer participação abaixo de 30% significaria o fracasso total da oferta, como se confirmou.

Leia Também: Sabadell diz que fracasso da OPA do BBVA é o melhor para o futuro

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com

Recomendados para si

Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

IMPLICA EM ACEITAÇÃO DOS TERMOS & CONDIÇÕES E POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Mais lidas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10