Em comunicado enviado aos associados, a direção do SNPVAC refere que, segundo a imprensa, o consórcio concorrente ao processo de privatização da companhia aérea açoriana Azores Airlines "insiste em vir publicamente afirmar que se encontra num impasse negocial com os sindicatos e com os trabalhadores, nomeadamente com os tripulantes de cabine e o SNPVAC".
"Estas afirmações não podem estar mais longe da verdade. Esclarecemos, mais uma vez, que não existe qualquer negociação com o consórcio ou qualquer impasse negocial, não havendo qualquer contacto desde julho. Assim como não houve qualquer apresentação concreta do que se pretende fazer com a Azores Airlines e com a sua operação", esclarece a SNPVAC.
O sindicato considera "inaceitável que se tente fazer depender a conclusão deste processo negocial da aceitação de reduções salariais e que a não concretização seja usada como arma para chantagear os trabalhadores desta forma".
"Os tripulantes de cabine não são peças de xadrez num tabuleiro negocial. Não pode ser à custa dos trabalhadores que se consegue um bom negócio. Não será seguramente à custa dos tripulantes que se financia ou patrocina a compra da empresa ou se negoceiam determinadas dívidas", acrescenta.
Para o SNPVAC, quem quer comprar "tem de assumir os riscos da realidade da empresa, da operação e dos acordos coletivos" e, quem quer vender, "tem de assumir, de uma vez por todas, as suas responsabilidades e obrigações".
Segundo a nota, os tripulantes de cabine "são, e pretendem continuar a ser, um dos motores da Azores Airlines".
"Em fim de linha, como sempre, foram esses mesmos tripulantes que deram - e continuam a dar - a cara pela Azores Airlines ao longo de anos de má gestão, de sucessivos conselhos de administração, nomeados e apoiados pelo Governo Regional dos Açores", lê-se.
O sindicato considera, ainda, que o Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) "continua inerte em todo este processo e sem dar uma explicação plausível e séria sobre tudo o que tem sido afirmado ao longo das últimas semanas".
"Ameaçar os trabalhadores e os açorianos com o fecho da Azores Airlines não é o que se espera de quem tem o dever de zelar pela continuidade deste grande motor da economia Açoriana", afirma.
A direção do SNPVAC também recorda que não foram os tripulantes "quem tomou, ao longo dos anos, decisões ruinosas para a empresa".
Pelo contrário, acrescenta, "vão atenuando, muitas vezes em condições discutíveis, a deterioração do serviço proposto, como aconteceu neste último verão".
O júri do concurso da privatização da Azores Airlines exigiu, na segunda-feira, ao consórcio Newtour/MS Aviation que apresente até 24 de outubro uma proposta para a compra da companhia, revelou à agência Lusa fonte ligada ao processo.
Segundo a mesma fonte, o júri, liderado pelo economista Augusto Mateus, definiu o prazo durante uma reunião que decorreu em Lisboa.
A reunião foi solicitada pelo presidente do júri do concurso e contou com a presença da administração da SATA e do agrupamento Newtour/MS Aviation, o único concorrente admitido no procedimento.
Em junho de 2022, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea pública açoriana de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo medidas como uma reorganização da estrutura e o desinvestimento de uma participação de controlo (51%).
A Azores Airlines, do Grupo SATA, faz as ligações de e para fora do arquipélago dos Açores.
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