O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou, esta quarta-feira, que, "se houver margem orçamental", o Governo "voltará a atribuir um suplemento extraordinário de pensões". O social-democrata rejeitou ainda a possibilidade de o Partido Socialista (PS) votar contra o Orçamento do Estado para 2026 devido ao aumento de pensões e descreveu José Luís Carneiro como "muito mais moderado" do que Pedro Nuno Santos.
Em entrevista ao programa 'Negócios da Semana', da SIC Notícias, Miranda Sarmento defendeu que o Governo "tudo fará para manter o equilíbrio das contas públicas e a redução da dívida pública."
"Faremos uma gestão orçamental, o mais rigorosa possível", afirmou. "É um objetivo do Governo que se mantenha o equilíbrio das contas públicas".
O ministro das Finanças disse ser "importante que a dívida pública se continue a reduzir", chegando aos "90% este ano e os 87% no próximo ano". "Nós temos de manter essa trajetória de descida da dívida pública. Esse é o compromisso que o Governo tem para com os portugueses", afirmou.
Questionado sobre a aprovação do Orçamento do Estado, Miranda Sarmento afirmou que o Governo "dialoga com todos" os partidos, sendo que o documento "será viabilizado por aqueles que entenderem que o devem viabilizar".
No entanto, reconheceu que "os partidos perceberam que o país tem de manter um rumo de contas equilibradas, de redução de dívida pública".
Disse ainda que, "se houver margem orçamental", o Governo "voltará a atribuir um suplemento extraordinário de pensões", mas alertou que "2026 é o exercício orçamental mais difícil".
Questionado sobre a possibilidade de o PS "exigir" que o suplemento seja "aumentado na base" na especialidade do OE, Miranda Sarmento afirmou que o secretário-geral socialista é "mais moderado" do que o seu antecessor, Pedro Nuno Santos, e "não se vai colocar nessa posição de irresponsabilidade".
"O Partido Socialista não pode, acho eu, colocar-se nesta posição de criticar o aumento da despesa estrutural e dizer que a despesa estrutural está a aumentar muito e depois tomar medidas que aumentam a despesa estrutural", considerou.
E acrescentou: "É verdade que o fez na liderança anterior de Pedro Nuno Santos, mas tenho de reconhecer que José Luís Carneiro é um líder muito mais moderado, muito mais realista e muito mais ao centro".
Ainda assim, rejeitou estar a "enviar um recado" ao secretário-geral do PS e reiterou que "José Luís Carneiro é muito mais moderado do que Pedro Nuno Santos".
"Pedro Nuno Santos é um mau líder do Partido Socialista, e provou-se, mas teria sido um bom líder do Bloco de Esquerda", atirou.
Eleições autárquicas? "Há uma vitória inequívoca da AD"
Na entrevista, abordou-se também as eleições autárquicas do passado domingo, nas quais o PSD conseguiu - sozinho ou em coligação - 136 câmaras municipais, enquanto o PS obteve 127.
"Há uma vitória inequívoca da AD. Houve um reforço da AD, que ganha as cinco maiores autarquias do país", começou por referir em entrevista ao programa 'Negócios da Semana', da SIC Notícias.
"Tínhamos, em relação ao Partido Socialista, cerca de 35 câmaras a nosso desfavor. Virámos essa diferença e hoje temos um maior número de câmaras do que o Partido Socialista. Há um sinal claro que o país escolheu a AD", exemplificou, frisando que "há o sentimento de que o Governo está a governar bem".
Sozinho e em coligações, o PSD conseguiu eleger o maior número presidentes de câmara, 136, de acordo com os resultados provisórios do Ministério da Administração Interna, sendo que em 109 concelhos os sociais-democratas governarão com maioria absoluta.
Destes, 78 foram eleitos em listas apenas do PSD e 58 em coligações. No total, o PSD conseguiu perto de 1,9 milhões de votos e 34,31% do total.
Em relação às anteriores autárquicas, em 2021, o partido conquistou mais 22 câmaras (tinha 114) e inverteu a liderança do poder local, com mais câmaras e freguesias do que o PS (128, no total), o que lhe permitirá liderar a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (Anafre), o objetivo traçado pelo presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro.
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