Por outro lado, a queda do índice de preços no consumidor, principal indicador da inflação divulgado pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) chinês, foi pior do que as expectativas do mercado, uma vez que os analistas esperam uma descida de apenas 0,1%.
Em seis dos nove meses deste ano, o IPC na China foi negativo, tendo recuperado apenas em janeiro (mais 0,5%) e junho (mais 0,1%). A queda mais acentuada ocorreu em fevereiro (menos 0,7%).
A segunda maior economia mundial enfrenta há mais de dois anos pressões deflacionistas, com a fraca procura interna e o excesso de capacidade industrial a penalizarem os preços, enquanto a incerteza no comércio internacional dificulta o escoamento de produtos por parte dos fornecedores.
A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente perigoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.
Outro dos efeitos é o de levar ao adiamento das decisões de consumo e investimento em resultado de expectativas de preços mais baixos no futuro, podendo criar uma espiral descendente de preços e procura difícil de inverter, afetando a economia por inteiro.
A queda dos preços começou em 2022, com a desvalorização do ativo mais importante na China: o imobiliário residencial. A queda no preço dos imóveis levou a uma quebra da confiança das famílias, resultando numa contração do consumo. Isto, aliado ao excesso de capacidade de produção do país veio fomentar uma guerra de preços entre fabricantes e retalhistas, suscitando uma espiral deflacionista.
Pequim tomou, entretanto, medidas para pôr fim à guerra de preços. O Partido Comunista Chinês prometeu ainda, em julho, combater a "concorrência irracional" em diversos setores.
Dong Lijuan, estatístico do NBS, preferiu sublinhou que a inflação subjacente - indicador que exclui os preços dos alimentos e da energia, por serem mais voláteis - assinalou em setembro o quinto mês consecutivo de aumento, subindo 1% em relação ao ano anterior, a primeira vez em 19 meses que atingiu este nível.
O índice de preços no produtor, que mede a evolução dos preços à saída da fábrica, caiu 2,3% em agosto, assinalando o 36.º mês consecutivo de contração.
O valor esteve em linha com a previsão dos analistas, mas representou uma melhoria face à descida de 2,9% registada em agosto.
Segundo Dong, o abrandamento da queda deve-se não só a uma base comparativa mais baixa, mas também ao impacto das políticas macroeconómicas promovidas por Pequim, tanto em termos de criação de um "mercado nacional unificado" como em termos de "reestruturação industrial e aumento do potencial de consumo".
Leia Também: Wall Street fecha sem rumo entre tensão EUA-China