Numa audição na Comissão de Economia e Coesão Territorial, requerida pelo PCP, para audição das organizações representativas dos trabalhadores da empresa, Miguel Pinto, coordenador do Site Norte, defendeu que os problemas da sociedade estavam relacionados com a gestão e que tal vinha já a acontecer, mesmo antes da nacionalização, em 2020.
"A Efacec tem sido mal gerida pelo setor privado há muitos anos. Não é só a gestão pública", defendeu.
Segundo o dirigente sindical, a empresa ganhou um contrato de 18 milhões de euros "na véspera de conhecer novo dono", ou seja, de ser vendida à Mutares.
"Mesmo nas mãos do Estado ganhava concursos", destacou, questionando a razão pela qual a Efacec tinha dificuldades.
O Estado nunca "colocou lá [na Efacec] nenhum gestor público, de certeza que os há, para gerir a empresa", numa altura em que colocava fundos na empresa, nomeadamente para pagar salários, referiu.
"Consideramos que isto nunca foi uma verdadeira nacionalização", disse Miguel Pinto, defendendo que serviu para "tapar buracos".
O dirigente sindical apontou depois que a entrada da Mutares, que comprou a empresa ao Estado em 2023, avançou com uma reestruturação que já terá reduzido postos de trabalho, apontando ainda "pressões" sobre os trabalhadores para aceitarem rescisões.
Miguel Pinto disse ainda que tem receio pelo futuro da Efacec, apontando as alterações introduzidas pela Mutares, que diz estar a desviar-se de setores que eram considerados estratégicos pela empresa, focando-se no negócio de transformadores.
A Efacec foi nacionalizada na sequência do processo 'Luanda Leaks', que levou à saída de Isabel dos Santos do capital da empresa.
O grupo ficou cerca de três anos com maioria de capital público, num processo que foi muito criticado e que envolveu injeções de capital na Efacec pelo Estado.
Leia Também: Greve afeta ligações aéreas e transportes públicos na Bélgica