A COP30, que se realiza no próximo mês em Belém, "é decisiva em vários aspetos, um deles no conteúdo. Temos de avançar em acordos, mesmo que eles não sejam os mais ambiciosos que gostaríamos", disse, defendendo a importância de pelo menos "um acordo de base que ligue os países" na intenção da luta e mitigação das alterações climáticas.
A ministra falava à agência Lusa a propósito das reuniões nas quais participa hoje e terça-feira em Brasília, uma pré-COP para a qual foram convidadas três dezenas de delegações/países, para debater três temas. Maria da Graça Carvalho está a coordenar um grupo de países sobre o tema transição justa.
Trata-se, disse, de uma reunião preparatória da COP30, com alguns ministros e negociadores internacionais, organizada pela presidência da COP para um grupo restrito, 30 dos 198 países que fazem parte da Convenção para as Alterações Climáticas, que procuram "alinhar posições e facilitar um acordo em temas que podem gerar alguma discordância e tensão" na reunião de novembro.
Na pré-COP será debatido, além do tema da transição justa, como é que os países estão a evoluir em relação aos objetivos que se propuseram alcançar há 10 anos, quando do Acordo de Paris, bem como a adaptação às alterações climáticas, porque já não basta "diminuir as emissões" e é preciso, tendo em conta os efeitos das alterações climáticas, como incêndios ou cheias, ver quais as melhores práticas para evitar esses efeitos, afirmou.
Como "facilitadora" na transição justa, Maria da Graça Carvalho vai coordenar um grupo de países que vão também debater as melhores práticas, "para que ninguém fique para trás", seja na energia mais limpa ou na cooperação internacional com países que tenham maiores dificuldades em fazer essa transição.
A transição justa é um tema em que, "tanto a nível do país", como da União Europeia, tem sido feito "bastante trabalho", destacou a ministra do Ambiente e Energia, lembrando o programa de transição justa da Europa, o Fundo Social para o Clima que vai começar no próximo ano, e os projetos também de transição justa E-Lar e Bairros+Sustentáveis.
Esta experiência, de Portugal e de Portugal na União Europeia, sustentou, vai servir para "facilitar e coordenar" o grupo, seja no combate à pobreza energética, seja na cooperação internacional, na forma como os países com tecnologia mais avançada podem ajudar os menos desenvolvidos a fazer essa transição com menos custos para as pessoas.
O que a ministra espera é que depois, quando da COP30 de Belém, de 10 a 21 de novembro, seja mais fácil chegar a conclusões em matéria de transição justa.
"É muito importante que a COP30 tenha resultados", pela defesa do multilateralismo da ONU, mas também por ser num país de língua portuguesa, o que acontece pela primeira vez.
E é esta COP, nessa luta, decisiva? Maria da Graça Carvalho não tem dúvidas de que sim.
"Dez anos depois de Paris, não chegar a acordo é muito mau sinal em relação ao tema das alterações climáticas", disse.
Considerou também importante, com tudo o que se está a passar a nível internacional, que pelo menos neste fórum os países avancem em conjunto, dando um sinal ao mundo de que é possível a cooperação e entendimento entre os povos.
É ainda importante a relação destes temas com as pessoas, com as comunidades locais e as comunidades indígenas. "É importante que haja entendimento entre os povos sobre estas questões", sublinhou.
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