"A mensagem que trago pode ser um pouco complexa, mas é esta: se implementarmos totalmente o projeto Tasi Mane, poderemos alcançar um retorno de 52 mil milhões de dólares até ao ano de 2056", afirmou Francisco da Costa Monteiro.
O ministro falava quinta-feira durante um seminário nacional sobre os desafios e a sustentabilidade do fundo petrolífero e alternativas para o Estado após o fim do Bayu-Undan, subordinado ao tema: "Política, Estratégia e Opções do IX Governo Constitucional no Setor do Petróleo e Recursos Minerais".
O Tasi Mane é um projeto que prevê a construção de infraestruturas para desenvolver a indústria petrolífera e que inclui uma base logística, uma refinaria e uma planta de gás natural liquefeito, a serem desenvolvidos na costa sul.
"Os estudos são positivos e indicam que é possível atrair investidores para Timor-Leste, que é viável construir uma planta de Gás Natural Liquefeito no país e que a refinaria é tecnicamente exequível segundo os estudos de viabilidade realizados", declarou o ministro.
O Governo já iniciou o processo de consulta pública (socialização) para explicar à população os impactos e benefícios do projeto, e já foram desenvolvidos estudos de viabilidade sobre os impactos ambientais, com o objetivo de minimizar os efeitos negativos no ambiente e nas comunidades.
"Já investimos no aeroporto de Suai, já iniciámos algumas obras em Suai, estamos a investir na base de logística, na autoestrada, e também nos estudos que estão atualmente a decorrer em Natarbora e outras zonas", afirmou.
Monteiro salientou que o campo de Bayu-Undan já deixou de produzir, o que poderá levar à redução das receitas do Fundo Petrolífero de Timor-Leste. No entanto, sublinhou que isso não significa que o país esteja em falência.
Em 07 de março de 2025, o Conselho de Ministros autorizou o Ministério do Petróleo e Recursos Minerais (MPRM) a realizar despesas relacionadas com o programa de implementação do Projeto Tasi Mane na costa sul do país, no montante de 40 milhões de dólares (cerca de 34,35 milhões de euros).
No seminário estiveram presentes estudantes universitários, representantes da sociedade civil e entidades como a Autoridade Nacional do Petróleo (ANP).
Para desenvolver o projeto Tasi Mane, as autoridades timorenses estão empenhadas em encontrar uma solução que permita o desenvolvimento do campo Greater Sunrise com ligação direta a Timor-Leste.
Localizado a 150 quilómetros de Timor-Leste e a 450 quilómetros de Darwin, o projeto Greater Sunrise tem estado envolto num impasse, com Díli a defender a construção de um gasoduto para o sul do país e a Woodside, segunda maior parceira do consórcio, a inclinar-se para uma ligação à unidade já existente em Darwin.
O consórcio é constituído pela timorense Timor Gap (56,56%), a operadora Woodside Energy (33,44%) e a Osaca Gás Australia (10,00%).
Um estudo conceptual mandado elaborado pela empresa britânica Wood confirmou a viabilidade do projeto em Timor-Leste, mas ainda não foi anunciada uma decisão oficial em relação ao seu desenvolvimento.
O acordo de fronteira marítima permanente entre Timor-Leste e a Austrália determina que o Greater Sunrise, um recurso partilhado, terá de ser dividido, com 70% das receitas para Timor-Leste no caso de um gasoduto para o país, ou 80% se o processamento for em Darwin.
A ligação do gasoduto ao sul de Timor-Leste é considerada, pelas autoridades timorenses, como estratégica para o crescimento económico do país.
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