O país sul-americano exportou produtos para os EUA avaliados em cerca de 5,4 mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros) em agosto e setembro, os dois primeiros meses sob os efeitos da tarifa aduaneira de 50% sobre grande parte dos produtos brasileiros.
No mesmo período de 2024, as exportações destinadas aos Estados Unidos atingiram um valor de 6,62 mil milhões de dólares, de acordo com o Ministério da Indústria e Comércio do Brasil.
Só em agosto passado, as exportações caíram 16,5%, enquanto em setembro a queda foi ainda mais acentuada, atingindo 20,3% em comparação com os mesmos meses de 2024.
As exportações brasileiras para os EUA mais afetadas pelas tarifas em setembro foram as de tabaco, armas e munições, açúcar, carne bovina, café torrado e alguns produtos siderúrgicos.
A tendência para os próximos meses é que as exportações para a potência norte-americana continuem a cair, explicou em conferência de imprensa Herlon Brandão, diretor do Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Externo.
Por outro lado, do lado das importações, o Brasil, a maior potência económica da América Latina, aumentou as suas compras aos Estados Unidos em 9,5% no bimestre agosto-setembro face ao mesmo período de 2024.
A administração Trump decidiu elevar as tarifas aduaneiras sobre o Brasil até 50% em retaliação, principalmente, pelo julgamento que resultou numa condenação de 27 anos de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, por atentar contra o Estado democrático de direito.
O Presidente brasileiro pediu hoje ao homólogo norte-americano, Donald Trump, a retirada das tarifas aplicadas a produtos brasileiros e as sanções a autoridades brasileiras, durante uma conversa telefónica.
De acordo com a Presidência brasileira, a conversa entre os dois líderes demorou cerca de 30 minutos, na qual Lula da Silva "solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras".
"Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve", lê-se na mesma nota, com Lula propor a possibilidade do encontro realizar-se durante a cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que ocorre na Malásia a partir de 26 de outubro.
Para além disso, Lula da Silva mostrou-se disponível para viajar até aos Estados Unidos.
O chefe de Estado brasileiro recordou a Donald Trump "que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superavit [excedente] na balança de bens e serviços", reforçando assim um dos argumentos brasileiros para demonstrar a injustiça comercial das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Também Donald Trump reagiu à conversa que manteve hoje com Lula da Silva, chamando-a de "excelente conversa telefónica" centrada na economia e comércio, e disse que os dois se iriam encontrar "num futuro não muito distante".
"Esta manhã, tive uma excelente conversa telefónica com o Presidente Lula, do Brasil. Falámos sobre muitos assuntos, mas o foco principal foi a economia e o comércio entre os nossos dois países", escreveu Donald Trump na sua rede social.
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