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Negociações com MFE assumidas 6 meses após anúncio de cortes na Impresa

As negociações entre a dona da Impresa e a MFE, da família Berlusconi, que admite uma eventual venda da posição de controlo, são assumidas cerca de seis meses após o anúncio do plano de redução de custos.

Negociações com MFE assumidas 6 meses após anúncio de cortes na Impresa

© Impresa

Lusa
01/10/2025 14:49 ‧ há 22 horas por Lusa

Economia

Impresa

A notícia das negociações fez suspender as ações da Impresa na bolsa, que quando voltou a negociar na segunda-feira dispararam mais de 80%, numa altura em que os olhos estão postos no histórico grupo de media de Francisco Pinto Balsemão.

 

Até porque o grupo teve de emitir dois comunicados durante o fim de semana, com o último, no domingo (28 de setembro), a admitir que "não se encontra afastada a possibilidade da aquisição" por parte do MFE - MediaForEurope "de uma participação relevante (direta ou indireta) para efeitos de controlo na Impresa", reiterando que naquela data não existia qualquer acordo vinculativo para o efeito.

Isto depois de no primeiro comunicado a Impresa ter informado que lhe tinha sido "comunicado pelo seu acionista maioritário que este se encontra a desenvolver contactos, em exclusividade, com o grupo MFE com vista à avaliação de potenciais operações societárias para a aquisição de uma participação relevante na Impresa".

A Impresa SGPS é detida em 50,306% pela Impreger SGPS, a qual é controlada por Balseger SGPS em 71,410%, de Francisco Pinto Balsemão, de acordo com o Portugal da Transparência.

Em 2021, na sua autobiografia, o fundador da Impresa, Francisco Pinto Balsemão, afirmava que, se não houvesse outro remédio, estava preparado para tomar decisões drásticas, admitindo vender tudo a ficar com uma posição minoritária.

"A Impresa atravessa ainda uma fase difícil e há um longo e, por vezes, sinuoso caminho a percorrer", escreve Francisco Pinto Balsemão em "Memórias", lançada há quatro anos.

"Mas estou convencido de que estamos em boas mãos e que chegaremos, mais uma vez, a bom porto. E eu cá estarei, enquanto puder e me sentir útil, na torre de comando, para ajudar a difícil navegação", mas "se, um dia, que espero que não chegue, concluir que não há outro remédio, cá estarei também para tomar decisões drásticas, isto é, com toda a franqueza, para vender, ficando claro que prefiro vender tudo a aceitar uma solução minoritária, mesmo que tentem disfarçá-la com presidências honorárias ou coisas do género".

Em março, o CEO do grupo, Francisco Pedro Balsemão, disse à Lusa que a Impresa pretendia cortar 10% dos custos até 2028, ou seja, 16 milhões de euros e diversificar receitas.

Os prejuízos em 2024 tinham sido de 66,2 milhões, devido a imparidades, e o CEO apontava, em declarações à Lusa, que este era "o culminar de um ciclo de três anos, um triénio negativo", contextualizando que o período teve início em 02 de janeiro de 2022, com o ataque informático.

Com isso, "perdemos um milhão de euros em custos e em perda de receitas" e depois veio "a guerra na Ucrânia", com os custos de cobertura jornalística" a terem impacto, o que neste contexto "também não ajudou", prosseguiu, na altura, o gestor.

"Não conseguimos reduzir a dívida nos últimos dois anos -- 2023 e 2024 -, mas se olharmos para estes 17 anos -- de 2008 a 2024" esta "foi reduzida para metade, a tendência é decrescente", disse à Lusa em março. Ou seja, de 2008 para 2024 quase desceu 50%, de 259 milhões de euros para 130,9 milhões de euros, acrescentou.

Ainda em março, o CEO da Impresa tinha dito à Lusa que os principais ativos da Impresa não estavam à venda.

Além da redução dos custos, a Impresa estava a avaliar a possibilidade de vender o edifício e fazer um encaixe financeiro. Contudo, em julho o negócio falhou porque não conseguiu chegar a acordo com o BPI Gestão de Ativos quanto às condições da venda do edifício sede em Paço de Arcos, manifestando-se empenhada em encontrar alternativas.

No primeiro semestre, os prejuízos agravaram-se para 5,1 milhões de euros, as receitas caíram 0,8% para os 85,9 milhões de euros e o resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) deslizou 35,5% para 2,9 milhões de euros.

Na altura, Francisco Pedro Balsemão, citado no comunicado dos resultados, afirmava estar convicto de que com as medidas adotadas vão ser atingidos os resultados esperados este ano.

"Este é o início da recuperação operacional e financeira da Impresa" e "estamos convictos que, com as medidas implementadas no âmbito do nosso novo plano estratégico, e com a consolidação da liderança que as nossas marcas alcançaram nas audiências televisivas, digitais e nos podcasts, bem como, no caso do Expresso, em termos de circulação média por edição, vamos atingir os resultados ambicionados no final de 2025, com reflexo no triénio seguinte", disse, em 24 de julho.

Pouco mais de dois meses depois, o mercado aguarda o desfecho das negociações que foram confirmadas no final de setembro.

Além da SIC e do Expresso, o grupo Impresa detém SIC Radical, SIC Mulher, SIC Caras, K SIC, SIC Novelas, SIC Internacional, SIC Esperança, Blitz e a plataforma 'streaming' Opto, entre outras marcas.

O grupo italiano MFE tem como acionista maioritário a Fininvest, detida pela família do antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, e assume como desafio ser o principal operador de TV e media da Europa.

Leia Também: Ações da Impresa sobem 23,39% após negociações com grupo italiano

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