"Estamos sempre dependentes da evolução dos mercados internacionais, mas na última década nós duplicámos as nossas exportações para os EUA", afirmou, aos jornalistas, o porta-voz da APICCAPS - Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seu Sucedâneos, Paulo Gonçalves, na feira MICAM, em Milão, Itália.
Contudo, o setor do calçado português quer reforçar esta aposta, numa altura em que foi assinado o acordo aduaneiro entre a União Europeia e os EUA, que prevê uma tarifa de 15% sobre os produtos europeus.
Até ao final desta década, o mercado dos EUA poderá estar assim entre os três principais destinos do calçado português.
Ainda sobre este acordo, Paulo Gonçalves disse que o cenário é agora "consideravelmente melhor", tendo em conta que os grandes 'players' do setor terão tarifas superiores à de Portugal.
A Índia e o Brasil deverão pagar uma tarifa de 50%, a China de 30% e o México de 25%.
"Na cena competitiva internacional nós até ficámos relativamente bem posicionados", vincou.
Contudo, a concorrência pode aumentar, se estes países reforçarem as suas exportações para os mercados que são estratégicos para Portugal, um efeito colateral que "não é possível avaliar com exatidão".
Também na feira MICAM, o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, já tinha defendido que o Governo vê com otimismo a competitividade da indústria portuguesa, sublinhando que o acordo aduaneiro tem vantagens para Portugal.
O Governo assinalou que esta não é altura de desinvestir no mercado norte-americano, antes pelo contrário, tendo em conta que Portugal terá uma tarifa inferior à de outros mercados.
A MICAM, que celebra 100 edições, conta com mais de 1.000 marcas e espera cerca de 42.000 visitantes.
No certame estão 42 empresas portuguesas.
Segundo os dados disponibilizados pela APICCAPS, no primeiro semestre de 2025, as exportações portuguesas de calçado aumentaram 3,7% em valor para 843 milhões de euros.
Entre janeiro e junho, foram exportados 36 milhões de pares, mais 5,4%.
Em 2024, as exportações do 'cluster' do calçado atingiram 2.147 milhões de euros.
No ano passado, Portugal produziu 80 milhões de pares de sapatos, sendo que 68 milhões de pares foram exportados, no valor de 1.724 milhões de euros.
O calçado português foi, neste período, comercializado em mais de 170 países e o Belize foi o mais recente destino.
O Plano Estratégico do Cluster do calçado prevê um investimento de 600 milhões de euros até 2030.
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