Procurar

Moeda chinesa? Internacionalização depende de "regras e mercado"

Um professor da Universidade Renmin defendeu que apenas reformas institucionais profundas e a primazia do mercado poderão transformar o yuan chinês numa moeda global, alertando para os riscos da liberalização financeira sem garantias legais.

Moeda chinesa? Internacionalização depende de "regras e mercado"

© Lusa

Lusa
01/09/2025 07:46 ‧ há 2 dias por Lusa

Economia

Yuan

Wu Xiaoqiu, diretor da Academia Nacional de Investigação Financeira da universide, advertiu no fim de semana que este é o "desafio mais difícil" na trajetória da China rumo à consolidação como potência financeira global.

 

Durante a sessão de abertura do Fórum Monetário Internacional 2025, que decorreu em Pequim, Wu defendeu que a internacionalização do yuan exige reformas estruturais profundas e sustentadas, assentes em três pilares essenciais: primazia do mercado, Estado de direito e estabilidade institucional.

Sem estas bases, não é possível garantir a confiança dos investidores internacionais nem estabilizar as expectativas dos mercados, argumentou.

"O caminho para tornar o yuan uma moeda de reserva global passa por uma transformação institucional. Isso não se faz apenas com força administrativa ou capacidade económica. É preciso um sistema transparente, previsível e baseado em regras", declarou Wu, citado pela imprensa chinesa.

A iniciativa surge numa altura em que Pequim procura reforçar o papel global do yuan, num contexto de tensões comerciais com os Estados Unidos e na sequência das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia.

Em 2024, a utilização da moeda chinesa em transações transfronteiriças atingiu níveis recorde, impulsionada pelas trocas entre a China e a Rússia.

Segundo o académico, o yuan ocupa atualmente o terceiro lugar entre as moedas internacionais, com um Índice de Internacionalização de 5,68%. O objetivo estratégico de Pequim é elevar esse valor para 20% até 2035, ano em que o país pretende alcançar o estatuto de economia de rendimento médio-alto, segundo a classificação do Banco Mundial.

Wu alertou, porém, que alcançar esse patamar exigirá "reformas muito mais ambiciosas" do que as atualmente em curso.

Como alternativa ao modelo clássico de liberalização financeira, que, segundo o académico, pode colocar em risco a segurança económica nacional, Wu propôs uma "terceira via", com foco em três áreas prioritárias: melhoria da qualidade dos ativos internos, com a promoção de empresas tecnológicas de alto valor acrescentado; atração de fluxos de capital de longo prazo, sobretudo através do fortalecimento dos mercados de capitais; e construção de um quadro legal confiável, com ênfase no Estado de direito.

Wu destacou que, embora o yuan tenha ganho tração nos últimos anos, nomeadamente no comércio bilateral com parceiros da Ásia, África e América Latina, a sua "circulação externa permanece limitada" devido à falta de mecanismos eficazes de retorno de capital e à persistência de grandes desequilíbrios estruturais, como o défice comercial com os Estados Unidos.

"A China tem emitido ativos em yuan, mas não conseguiu ainda criar canais eficientes para que esse capital regresse ao país. O reforço dos mercados de capitais é, por isso, fundamental", sublinhou.

No plano externo, a instabilidade geopolítica e a fragmentação financeira global representam obstáculos adicionais. Wu advertiu que uma liberalização cambial e financeira acelerada, sem as devidas garantias institucionais, poderá levar a fugas de capital, volatilidade cambial e perda de controlo sobre a política monetária.

O Fórum Monetário Internacional 2025 foi organizado em conjunto pelas universidades Renmin e Nankai, com a participação de investigadores, responsáveis políticos e representantes do setor financeiro.

As intervenções refletiram uma preocupação crescente com o papel do yuan num sistema financeiro internacional cada vez mais polarizado.

Leia Também: Reservas internacionais de Moçambique renovam máximos de quatro anos

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com

Recomendados para si

Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

IMPLICA EM ACEITAÇÃO DOS TERMOS & CONDIÇÕES E POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Mais lidas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10