Com a medida punitiva, que entrou em vigor à meia-noite de hoje, Washington pretende castigar a Índia por continuar a comprar petróleo bruto russo, uma política que o Governo indiano tem defendido por razões de segurança energética e de controlo da inflação.
As tarifas não afetam todas as exportações, mas concentram-se em sectores-chave para gerar pressão social e económica, como têxteis, pedras preciosas e marisco, isentando outros produtos em que os EUA têm interesses, como produtos farmacêuticos e eletrónica.
O Governo da Índia estima que 55% do valor total das suas exportações de mercadorias para os Estados Unidos será afetado pelas novas tarifas de 50% impostas por Washington, segundo uma declaração oficial apresentada ao Parlamento em meados deste mês.
A Índia é o quarto maior exportador de vestuário para os Estados Unidos, com uma quota de mercado de cerca de 6%. Embora este número tenha crescido nos últimos anos, continua atrás dos principais concorrentes asiáticos: a China, que domina com 21%, e o Vietname, com 19%.
Com a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, a Índia fica em grande desvantagem em relação àqueles países, que enfrentam taxas entre 20% e 30%.
A Casa Branca invocou a Lei dos Poderes Económicos de Emergência Internacional (IEEPA), um instrumento de segurança nacional, para impor a política tarifária, argumentando que a compra de petróleo russo pela Índia representa uma ameaça para a segurança dos EUA.
Na semana passada, numa tentativa de minimizar o efeito das sanções, a Rússia manifestou disponibilidade para oferecer à Índia uma alternativa às exportações que eventualmente viessem a ser afetadas pelas tarifas dos EUA.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, assinou a ordem executiva em 06 de agosto para impor estas tarifas adicionais de 25% à Índia devido aos laços de Nova Deli com Moscovo, que acrescem a uma taxa inicial de 25%, para corrigir o que Washington considera ser um desequilíbrio comercial.
A Índia, o terceiro maior importador de petróleo bruto do mundo, adotou uma posição neutra e pragmática na guerra da Ucrânia e passou de um volume de importações de petróleo russo abaixo de 2% para mais de um terço das necessidade do pais, fazendo de Moscovo o principal fornecedor indiano e aproveitando os descontos oferecidos pelo Kremlin.
Embora a justificação oficial dos Estados Unidos para a imposição do acrescimento tarifário se tenha centrado na compra de petróleo russo pela Índia, em Nova Deli, a medida é interpretada como uma tática de pressão para desbloquear o estagnado Acordo Comercial Bilateral (BTA) EUA-Índia
Os principais pontos de atrito são "linhas vermelhas" identificadas pela Índia, como a recusa em abrir o mercado a produtos agrícolas e lácteos dos Estados Unidos como forma de proteger milhões de agricultores indianos.
Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial da Índia, com um intercâmbio bilateral de bens que atingiu 128,9 mil milhões de dólares (110,9 mil milhões de euros) em 2024.
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