"A minha expectativa é bastante positiva, até porque tenho uma comparação antes em que correu bem, que foi o professor Mário Centeno, e por isso espero que seja, no mínimo, do mesmo valor que foi o professor Mário Centeno", afirmou João Pedro Oliveira e Costa na apresentação dos resultados do banco referentes ao primeiro semestre, sobre a nomeação do novo governador do Banco de Portugal (BdP).
Dizendo que não tem "de avaliar ninguém", o banqueiro considerou que Álvaro Santos Pereira é uma pessoa prática, de fácil trato, algo que acha positivo e de que a sociedade precisa, recordando "um ou outro contacto no passado", quando este era ministro da Economia.
"A sociedade precisa disto, pessoas que não estejam em cima de pedestais e que tenham trato fácil, que me parece o caso. O currículo, como alguém já disse, fala por si, mas o meu comentário principal é: daqui a um ano falamos, porque eu quero ver a prática", registou.
Sobre a saída de Mário Centeno, João Pedro Oliveira e Costa recusou-se a fazer comentários sobre o processo de substituição do ainda governador, mas elogiou o seu mandato, em que apresentou "um comportamento muito importante".
"Apreciei muito, muitíssimo, a sua postura, o seu comportamento, foi claramente um grande agregador do sistema", apontou, dizendo que foi alguém que apresentou "enorme bom senso" e "uma grande independência de cabeça".
"É uma pessoa muito respeitada internacionalmente e nós percebemos isso durante o período em que foi governador", acrescentou.
O banqueiro defendeu que Portugal "não pode menosprezar um português com aquelas qualidades" e espera agora que "se encontre um lugar disponível em que [Centeno] contribua para a sociedade como um todo".
O presidente do BPI lamentou que outros governadores tenham sido reconduzidos por questões políticas, apesar de terem desempenhado um papel "não tão positivo".
"Tenho pena que noutras alturas do passado houvesse outras pessoas que foram reconduzidas por questões políticas que não mereciam ter sido reconduzidas e que o papel que fizeram não foi tão positivo. Isto não é uma questão de dizer que o professor Mário Centeno devia continuar ou não devia continuar, não tenho nada a ver com isso, simplesmente, na minha avaliação, houve outros que fizeram segundos mandatos que foi pena, não deviam ter feito", atirou.
No passado dia 24, quando confirmou a não recondução de Centeno e anunciou a escolha de Álvaro Santos Pereira, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, considerou ser uma "melhor escolha" do que a manutenção do ex-ministro das Finanças e elogiou a Santos Pereira a "independência política", distinguindo a sua experiência governativa de há uma década da passagem direta de Centeno de ministro das Finanças para o cargo de governador.
O mandato de Centeno terminou no dia 19 de julho, mas o executivo de Luís Montenegro só anunciou o sucessor após essa data.
A data da mudança ainda não é conhecida, mas só deverá acontecer em setembro, depois de Santos Pereira ser ouvido na Assembleia da República.
O PSD e o CDS elogiaram a escolha do novo governador. O Chega considerou ser um nome independente. A IL manifestou dúvidas. O PS considerou que a não recondução se deveu a razões políticas. O BE criticou por ser um nome próximo do Governo. O Livre, o PCP e o PAN contestaram a escolha de governante do período da 'troika'.
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