"Queria corrigir um título de jornal a dizer que o BdP ia perder supervisão sobre seis bancos [portugueses] - o BdP não vai perder nem ganhar, vai participar numa estrutura integrada a nível europeu de supervisão, onde condicionamos o que nos condicionava e passamos a ser condicionados onde não o éramos", disse Carlos Costa numa cerimónia de apresentação de uma conferência sobre a organização e gestão do sector público.
"Quando se partilha, um dá e um recebe. Aceitamos partilhar a supervisão, mas beneficiamos da participação num processo de supervisão único no plano europeu", acrescentou o governador. "Para o sistema bancário, a união bancária é uma boa notícia. Para as empresas, é uma boa notícia. Para a Europa, é uma boa notícia."
Na madrugada de hoje, os ministros das Finanças da União Europeia chegaram a acordo para uma união bancária. Os maiores bancos (cujos activos equivalham a 20% do PIB do respectivo país, ou a 30 mil milhões de euros, ou que operem em mais de um país) ficarão sob a alçada do supervisor único.
Dos 6.000 bancos europeus, duas centenas estarão abrangidos pela união bancária. Em Portugal, segundo o Diário Económico, seis bancos deverão passar a ser regulados pelo supervisor único - CGD, BPI, BCP, BES, Totta/Santander e Banif.
"A criação da união bancária é muito importante para economias como a portuguesa, vítimas da fragmentação do mercado único e da união monetária", disse Carlos Costa, garantindo que os custos de financiamento das empresas portuguesas passarão a estar menos influenciados pelo "contágio" da crise da dívida soberana.
"O que se espera desta decisão é que, a prazo, o financiamento das empresas em Portugal ou em Itália não esteja associado a risco soberano", disse o governador do BdP.