"O acionista Estado tenciona designar o Professor Doutor Emídio Gomes para exercer, em simultâneo, os cargos de Presidente do Conselho de Administração e de Presidente da Comissão Executiva da empresa, para o mandato 2025-2027", pode ler-se numa carta remetida pelo Ministério das Infraestruturas e Habitação à Área Metropolitana do Porto (AMP) a que a Lusa teve hoje acesso.
O gabinete de Miguel Pinto Luz recorda que, segundo os estatutos da Metro do Porto, "esta nomeação carece de consulta à Área Metropolitana do Porto, enquanto acionista", motivo pelo qual o Governo pediu "pronúncia formal" à AMP sobre a personalidade indigitada.
Na agenda da reunião do Conselho Metropolitano do Porto (órgão que reúne os 17 autarcas da AMP) marcada para sexta-feira, encontram-se pontos relativos à Metro do Porto, no caso a "pronúncia sobre a personalidade indigitada pelo Governo para Presidente do Conselho de Administração" e a "nomeação dos representantes da AMP, vogais não executivos, para o Conselho de Administração".
Emídio Gomes, atual reitor da UTAD e antigo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) entre 2013 e 2016, é licenciado em Engenharia Zootécnica (UTAD) e mestre e doutor em Ciências Biomédicas (Universidade do Porto), sendo Professor Catedrático do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS), no Porto, desde 2000.
Foi também Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Inovação e Relações Empresariais (2009-2011) e Administrador Executivo da Junta Metropolitana do Porto (2005-2009), a antecessora da atual Área Metropolitana.
No seu currículo conta ainda com a presidência do Conselho de Administração da Agência de Inovação (2002-2005), tendo sido membro do Conselho Consultivo da COTEC (2003-2006) e do Conselho Estratégico da Universidade do Minho (2003-2009).
Vai substituir Tiago Braga, que passou da administração da Metro do Porto (onde estava desde 2016) para a presidência em 2019, então nomeado pelo Governo do PS e cujo mandato foi renovado em 2022.
O mandato formal do atual presidente terminou no final de 2024, mas continua em funções desde então.
Em 01 de julho, o contrato de subconcessão da operação e manutenção da Metro do Porto com a ViaPorto foi prorrogado até março de 2027, ficando a empresa autorizada a despender mais até 435 milhões de euros.
O contrato com a empresa do grupo Barraqueiro, que remonta a 2018, terminava em 30 de junho deste ano e foi prorrogado por 21 meses, e já tinha sido prolongado por três meses em 01 de abril.
Como em 30 de junho não estava "concluído o processo de adjudicação da nova 'Subconcessão da Operação e Manutenção do Sistema de Metro Ligeiro na Área Metropolitana do Porto'", segundo o Governo, o contrato foi alargado pelo "período máximo de mais 21 meses".
Em outubro de 2024, a Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAP) do Ministério das Finanças constituiu uma equipa de projeto para preparar uma nova subconcessão do Metro do Porto.
A Lusa questionou os ministérios das Infraestruturas e Habitação e das Finanças sobre esta renovação do contrato, mas ainda não obteve resposta às questões colocadas.
Atualmente, a Metro do Porto conta com seis linhas em operação e 85 estações, espalhadas pelos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Maia, Gondomar, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.
Estão em construção a Linha Rosa (G), entre São Bento e Casa da Música (Porto), e a Linha Rubi (H), entre Santo Ovídio (Vila Nova de Gaia) e Casa da Música (Porto).
O metrobus Casa da Música - Império, contratado e executado pela Metro do Porto e cuja operação será feita pela Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), também aguarda entrada em funcionamento.
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