"Como primeira missão, o comité terá o objetivo de ouvir os setores empresariais para detetar as implicações do anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, a partir do dia 1 de agosto", lê-se num comunicado divulgado pela presidência brasileira.
A primeira reunião do comité será realizada na terça-feira, com setores da indústria, seguindo-se outra reunião, desta vez com o poderoso setor do agronegócio.
Durante o dia vão ser ouvidos empresários dos setores de aviação, siderurgia, alumínio, celulose, máquinas, calçados, móveis, autopeças, laranja, carne, mel, frutas, couro e pescado.
Os Estados Unidos são o destino de 12% das exportações do Brasil, que no ano passado totalizaram 40,3 mil milhões de dólares, enquanto as importações da maior economia do mundo ascenderam a 40,5 mil milhões de dólares.
O Presidente norte-americano anunciou que vai impor tarifas de 50% aos produtos brasileiros, usando como uma das justificações que o processo contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado se trata de "uma caça às bruxas" e que este está a ser vítima de "perseguição".
Na sexta-feira, o Presidente brasileiro, Lula da Silva, endureceu o discurso e afirmou que se Donald Trump fosse brasileiro e promovesse uma invasão como a do Capitólio a 06 de janeiro de 2022, seria preso.
"Se o Trump fosse brasileiro e aqui tivesse um Capitólio e ele fizesse aquilo que fez nos Estados Unidos ele também ia ser preso", disse Lula da Silva, num discurso para pescadores artesanais e agricultores no estado do Espírito Santo.
Lula da Silva fez assim uma alusão ao processo no qual Jair Bolsonaro está a ser acusado por golpe de Estado, pelos acontecimentos que culminaram com o ataque de radicais aos três poderes em Brasília, a 08 de janeiro de 2023, semelhante ao sucedido um ano antes nos Estados Unidos, a 06 de janeiro de 2022.
Apelidando Bolsonaro de "coisa", Lula criticou ainda Eduardo Bolsonaro, filho do ex-Presidente, por se encontrar nos Estados Unidos a fazer 'lobby' a favor do pai e de elogiar as tarifas anunciadas por Trump.
Sobre o processo no qual Bolsonaro é acusado, Lula da Silva disse que "ele vai ser julgado com base nos autos".
"Se ele for inocente ele será absolvido, como eu fui", sublinhou, avisando, contudo, que, "se ele for culpado, ele vai para a cadeia como todo o mundo tem que ir".
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