" [Ele] não largou a LAM [Linhas Aéreas de Moçambique], está connosco, continua a conversar connosco, nunca houve problemas, está em Moçambique, continua a trabalhar na LAM, portanto, está a terminar a primeira parte de um contrato curto (...). A nossa avaliação é positiva em relação ao seu trabalho, e por aquilo que nós estamos a ver, se tudo correr bem, vamos contratá-lo para ficar para mais tempo", disse Daniel Chapo.
Em causa está a nomeação de Dane Kondic, presidente da comissão de gestão da LAM desde maio, para o cargo de presidente do conselho de administração da companhia Air Botsuana, segundo anunciou a transportadora daquele país em 29 de junho.
Falando à imprensa após uma visita presidencial à província de Maputo, que terminou no domingo, Chapo referiu que Kondic explicou à LAM que não havia mencionado o contrato com a transportadora aérea do Botsuana por considerar que isso não iria colocar em causa o trabalho em Moçambique.
"Só de três meses ou quatro em quatro meses é que podia ir para lá apenas para continuar a dar assessoria nos termos em que ele, portanto, acordou com a linha aérea da Botsuana", explicou Chapo.
O chefe de Estado disse estar a acompanhar o processo de reestruturação da LAM "a par e passo", bem como a receber "todos os dias" os relatórios de auditoria forense realizados pelas equipas, pelo que avalia o processo como "positivo".
"O contrato sendo de curto prazo, cerca de três meses, já está terminado, porque são 90 dias, ele pede para que realmente possamos ter um contrato um pouco mais longo. E daquilo que nós vimos, do processo de reestruturação que estamos a fazer, vamos precisar dele por mais tempo", disse Chapo.
Dane Kondic, 60 anos, tem dupla nacionalidade (sérvia e australiana) e, entre outros cargos em transportadoras aéreas de vários países, já foi presidente do conselho de administração da portuguesa euroAtlantic.
O Instituto de Gestão das Participações do Estado (Igepe) moçambicano anunciou em 13 de maio o afastamento da administração da LAM e a nomeação de uma comissão de gestão presidida por Dane Kondic.
A decisão foi tomada em assembleia-geral extraordinária da LAM, no "âmbito do processo de revitalização" da companhia aérea estatal, avançando então com "efeitos imediatos" a cessação de funções de Marcelino Gildo Alberto, que era presidente do conselho de administração, e dos administradores Altino Xavier Mavile e Bruno Miranda.
Foi também aprovada a nomeação de um conselho de administração não executivo, composto por representantes das três empresas estatais que este ano passaram a ser acionistas da LAM, Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose).
A consultora Knighthood Global assumiu em maio que tem três meses para "estabilizar e reposicionar" a LAM, explicando então que foi "nomeada pelo Governo de Moçambique para ajudar a revitalizar" a companhia e "o setor da aviação em geral do país", tendo lançado em junho um concurso para contratar até cinco boeing 737-700 para a transportadora aérea moçambicana.
Há vários anos que as LAM enfrentam problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.
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