O Governo aprovou, na quinta-feira, o decreto-lei que determina a reprivatização de 49,9% da companhia aérea (44,9% para investidores e 5% para trabalhadores), que espera concluir dentro de um ano, embora o preço ainda não esteja especificado.
Segundo a agência de notícias espanhola, o grupo continua interessado em adquirir uma participação na empresa portuguesa, mas aguarda as condições definidas pelo Governo português para esta transação.
Os termos da venda ainda não são conhecidos, embora o Governo tenha afirmado que é essencial manter rotas estratégicas com ligações a destinos onde existam emigrantes portugueses e aos países lusófonos, especialmente Brasil e países africanos, o que justifica manter a maioria de 50,1% do capital.
Manter a sede e o 'hub' em Lisboa (centro de distribuição de tráfego aéreo) são outras condições que o Governo português vai impor aos compradores.
Em outubro, o anterior governo também liderado por Luís Montenegro confirmou que estavam em curso negociações com os três maiores grupos aéreos europeus (IAG, Lufthansa e Air France-KLM).
Em janeiro, num encontro com jornalistas portugueses, em Dublin, na Irlanda, o administrador do IAG Jonathan Sullivan adiantou que o grupo tinha manifestado ao Governo português interesse numa participação maioritária na TAP ao longo do tempo, caso avance para a compra, uma decisão que vai depender das condições impostas pelo Estado.
"Ao longo do tempo, gostaríamos de ter um caminho para uma [posição] maioritária, porque daria possibilidade ao negócio para crescer sem o investimento de outros acionistas", adiantou o responsável.
O administrador do IAG apontou que o negócio da TAP é interessante por "muitas razões", como o 'hub', que considerou "um ativo tremendo", a conectividade com a América Latina e com a América do Norte, que seria "um bom complemento" à operação das companhias que compõem o grupo IAG, como a Aer Lingus.
A companhia de bandeira irlandesa Aer Lingus foi comprada pelo IAG em 2015, num processo que levantou algumas preocupações por parte do Governo, que manteve uma participação e impôs condições como a manutenção da marca, do 'hub' em Dublin e da conectividade com Londres -- Heathrow.
"[O Governo português] é muito parecido com o irlandês e nós encorajamos isso, porque tem sido bom para a população, é bom que o Governo esteja envolvido com interesses estratégicos, como o irlandês tem estado", apontou o responsável do IAG.
"[Se comprarmos,] queremos que a TAP se mantenha orgulhosamente portuguesa", vincou o administrador naquela ocasião.
Questionado sobre as preocupações relativamente ao fim do 'hub' da TAP em Lisboa, pela proximidade com o de Madrid, da Ibéria, outra das companhias do grupo de aviação, Sullivan garantiu que o interesse do grupo, caso avance para a compra, é desenvolver os dois 'hubs'.
"Ter 'hubs' que são, de alguma forma, próximos, é muito positivo, [...] porque os passageiros beneficiam", defendeu, lembrando que Dublin é mais próximo de Londres do que Lisboa de Madrid, tal como Barcelona e Madrid estão mais próximas do que Lisboa e Madrid.
O grupo IAG tem oito companhias aéreas, entre elas a British Airways, a Ibéria, a Vueling e a Aer Lingus.
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