Mais de um quarto da população em risco de pobreza encontrava-se em sobrecarga das despesas em habitação em 2024, de acordo com os dados divulgados, esta quinta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
"Registou-se um agravamento nas condições financeiras associadas à habitação em relação a 2023, quer em termos da carga mediana das despesas em habitação (que aumentou para 12,0%), quer no que respeita à taxa de sobrecarga das despesas em habitação (que subiu para 6,9%)", pode ler-se no relatório divulgado.
Acresce que a "população em risco de pobreza enfrentava, a este nível, maiores dificuldades, com mais de um quarto (25,9%) da população em risco de pobreza em situação de sobrecarga das despesas em habitação".
Há melhoria nas condições habitacionais, mas...
Os dados do INE no âmbito do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR) para 2024, sugerem também "uma melhoria das condições físicas de habitação, com a taxa de sobrelotação da habitação a diminuir para 11,2% e a taxa de privação severa das condições de habitação a diminuir para 4,9%".
"Em ambos os indicadores, a maior carência habitacional afetava principalmente as famílias com crianças dependentes e as famílias em risco de pobreza", é referido.
O INE explica que, "à semelhança dos anos anteriores, o risco de viver numa situação de insuficiência do espaço habitacional era mais significativo para a população em risco de pobreza: 17,3% da população em risco de pobreza estava em condição de sobrelotação habitacional, o que compara com 10,0% para a restante população".
De referir também que, "em 2024, a sobrelotação da habitação afetava principalmente a população mais jovem (19,9% para o grupo etário até aos 17 anos), diminuindo com a idade (12,1% para a população dos 18 aos 64 anos e 3,1% para os idosos)".
"A taxa de sobrelotação era também mais elevada para a população residente em áreas predominantemente
urbanas (12,8%)", conclui o INE.
Regiões que se destacam
Segundo o INE, a taxa de sobrelotação da habitação era inferior à média nacional (11,2%) apenas nas regiões NUTS II do Centro e do Oeste e Vale do Tejo: 5,9% e 6,3%, respetivamente".
Por outro lado, "aquela condição era mais frequente nas Regiões Autónomas: 16,2% nos Açores e 19,4% na Madeira".
Os dados do INE mostram ainda que, "na população em risco de pobreza, o indicador revela-se mais sensível a períodos de perturbação económica, como a última crise económico-financeira global e consequente período de assistência financeira externa a Portugal, bem como o período pandémico".
"Ainda assim, o indicador apresenta uma tendência clara de redução: de 7,9%, em 2004, para 0,5%, em 2024", pode ler-se.
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