Em abril de 2025, o endividamento do setor não financeiro (administrações públicas, empresas e particulares) aumentou 4,4 mil milhões de euros, para 829,5 mil milhões de euros, divulgou o Banco de Portugal (BdP), esta segunda-feira.
"Deste total, 459,9 mil milhões de euros respeitavam ao setor privado (empresas privadas e particulares) e 369,6 mil milhões de euros ao setor público (administrações públicas e empresas públicas)", explica o supervisor da banca, em comunicado.
Ora, o endividamento do setor público aumentou 4,4 mil milhões de euros.
"Esta variação ocorreu sobretudo junto do exterior (+2,2 mil milhões de euros, valor semelhante ao verificado em março), através da aquisição por não residentes de títulos de dívida pública portuguesa, tanto de curto como de longo prazo, e perante as administrações públicas (+1,7 mil milhões de euros), refletindo o aumento das responsabilidades em depósitos junto do Tesouro", aponta.
"Verificou-se também um aumento do endividamento do setor público junto dos particulares (+0,4 mil milhões de euros), sobretudo por via da subscrição de certificados de aforro, e junto das empresas não financeiras (+0,1 mil milhões de euros)", explica o supervisor da banca.
Já o endividamento do setor privado manteve-se praticamente inalterado (apresentou uma variação de +0,1 mil milhões de euros).
"O endividamento das empresas privadas reduziu-se em 0,9 mil milhões de euros, refletindo a redução do endividamento em relação ao resto do mundo (-1,0 mil milhões de euros). O endividamento dos particulares apresentou um incremento de 0,9 mil milhões de euros, principalmente por via do crédito à habitação, à semelhança dos meses anteriores", pode ler-se no relatório do Banco de Portugal.
Taxas de variação anual
Em abril de 2025, o endividamento das empresas privadas subiu 0,8% relativamente ao mesmo mês de 2024. No mês anterior, tinha aumentado 1,3%.
A taxa de variação anual do endividamento dos particulares apresenta uma tendência de crescimento desde dezembro de 2023. Em abril de 2025, o endividamento dos particulares subiu 5,4%.
A próxima atualização do endividamento da economia será publicada a 23 de julho de 2025.
Após alerta, Governo diz acautelar desafios de longo prazo para dívida
O Governo disse ter conhecimento e acautelar os "desafios de longo prazo" na dívida pública e contas do país causados pelo envelhecimento da população, após alertas do fundo de resgate da zona euro sobre os impactos orçamentais.
"O relatório diz sobre Portugal o que diz sobre a generalidade dos países, [...] que o envelhecimento da população e o desafio demográfico colocam pressões de longo prazo sobre a dívida pública, como colocam sobre as finanças públicas, sobre a competitividade", declarou o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.
Falando aos jornalistas portugueses no final da reunião dos ministros das Finanças da União Europeia (UE), no Luxemburgo, o governante apontou que "o tema da demografia e do envelhecimento populacional não nasceu ontem com o relatório do Mecanismo Europeu de Estabilidade".
"É algo que nós sabemos, [que] há desafios de longo prazo relativamente à questão demográfica e isso coloca pressão no longo prazo sobre a dívida pública", disse.
O ministro lembrou ainda que "todas as projeções apontam" para que a dívida pública portuguesa fique, em 2026, "abaixo da média da zona euro, e isso é um marco muito importante e não acontecia desde 2008".
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