Os preços da eletricidade no mercado grossista ibérico dispararam 90% em dois dias, no seguimento do conflito entre Israel e o Irão e numa altura em que se assiste a uma escalada na tensão entre os dois países.
Os dados do operador que gere o mercado ibérico diário e intradiário (OMIE) revelam que os preços médios diários para Portugal superam os 106 euros/MWh no mercado ibérico Mibel. O mesmo se passa em Espanha.
Este valor, refira-se, representa uma subida de 90% em apenas dois dias, segundo o Jornal Económico, que avançou com a notícia.
A pressão sobre os preços, refira-se, está relacionada com o impacto do conflito Irão-Israel nos preços do petróleo e do gás natural, que, por sua vez, tem estado a ditar os preços no mercado grossista.
Preço do mercado diário© Reprodução do site do OMIE
Porque é que os preços da energia são afetados?
A BBC lembra que o preço do petróleo sobe e desce em resposta a grandes eventos geopolíticos e ao estado da economia global, pelo que não é surpresa ver os preços do petróleo a reagir com volatilidade ao conflito entre Israel e o Irão.
A cotação do barril de crude Brent para entrega em agosto terminou, na segunda-feira, no mercado de futuros de Londres em baixa de 1,35%, para os 73,23 dólares, depois de os ataques cruzados entre Israel e Irão não terem afetado o fluxo do petróleo na região.
O analista de mercados Manuel Pinto explicou à Lusa que "o maior receio do mercado é o aumento do preço do petróleo que resultaria do bloqueio do Estreito de Ormuz por parte do Irão".
Neste sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Lammy, comentou no Parlamento que uma escalada da guerra implicaria "riscos reais" para a economia global, uma vez que o Irão é um dos maiores produtores de petróleo do mundo e que uma quinta parte do total do consumo mundial de petróleo passa por Ormuz.
Preços dos combustíveis e do gás vão subir?
Quando o preço do petróleo sobe, é expectável que isto se reflita na subida dos preços dos combustíveis, mas a BBC lembra que isto só acontece caso os preços da energia permaneçam altos por um período prolongado.
A situação atual é "muito significativa e preocupante", disse Richard Bronze, chefe de geopolítica da consultora Energy Aspects, à BBC. Contudo, isso não significa que tenha um impacto tão grande como o da guerra na Ucrânia ou conflitos anteriores no Médio Oriente.
Na sexta-feira, a cotação do Brent teve um crescimento acentuado de 7,02%, dado o receio de uma interrupção de fornecimento do petróleo procedente do Médio Oriente, perante o agravamento da guerra entre Israel e o Irão.
Esta subida de sete por cento foi a maior desde que a Federação Russa invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, no seguimento do que os preços energéticos escalaram.
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