O Novo Banco vai ter outro dono. A Lone Star chegou a acordo com o grupo bancário francês BPCE para a venda da instituição bancária portuguesa por um montante equivalente a uma valorização de 6.400 milhões de euros.
O Notícias ao Minuto preparou um explicador, que responde a cinco questões sobre este negócio. Fique a par:
1 - O que se sabe sobre o negócio?
A Lone Star disse que "assinou um Memorando de Entendimento para a venda da sua posição acionista ao BPCE, por um montante equivalente a uma valorização de aproximadamente Euro6,4 mil milhões, no final de 2025, para 100% do capital social", lê-se num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Também num comunicado divulgado no mesmo dia, o BPCE avançou estar "em conversações com o Governo português e com o Fundo de Resolução Bancária com vista à aquisição das suas participações no Novo Banco (11,5% e 13,5%, respetivamente), em condições idênticas".
2 - Quando é que o negócio estará concluído?
A conclusão da transação está prevista para o primeiro semestre de 2026.
3 - Como é que o Novo Banco vê a mudança de dono?
Para o Novo Banco, a decisão do acionista maioritário de avançar com uma venda direta ao BPCE "representa uma oportunidade estratégica, posicionando o Novo Banco para integrar um dos maiores e mais sólidos grupos financeiros europeus".
"Ao integrar o Novo Banco no Grupo, nomeadamente ao lado das redes bancárias Banque Populaire e Caisse d'Epargne, o BPCE reforçará o seu papel como um importante parceiro de desenvolvimento da economia portuguesa", aponta.
O Novo Banco refere que a transação agora anunciada "conclui o processo de transformação" da instituição bancária, "tornando-o num dos bancos mais rentáveis da Europa, com um objetivo de rentabilidade sobre capital tangível (RoTE), de médio prazo, superior a 20%".
Citado no comunicado, o presidente executivo (CEO) do Novo Banco afirma que com a integração no BPCE o banco "ganha a força e a dimensão de um dos grupos financeiros mais sólidos da Europa, continuando a desenvolver a seu próprio percurso de sucesso".
"Esta transação reforça a nossa missão de apoiar as famílias e as empresas portuguesas, aprofunda o nosso compromisso com a economia nacional e assegura um futuro de longo prazo assente na solidez, na confiança e numa ambição conjunta. Este é um grande momento para o novobanco e avançamos com confiança renovada e um propósito claro", sustentou Mark Bourke.
4 - Quem é o Groupe BPCE?
O Groupe BPCE apresenta-se como o segundo maior grupo bancário em França e o quarto maior da zona euro em termos de capital, tendo 100.000 trabalhadores e 35 milhões de clientes em todo o mundo.
5 - Negócio terá impacto para os trabalhadores?
O grupo francês BPCE pretende manter a administração do Novo Banco e garante que não quer despedir trabalhadores, afirmou fonte oficial à Lusa.
"Não estão previstas quaisquer alterações no Conselho de Administração do Novo Banco e também não está previsto qualquer 'rebranding' [reposicionar ou renovar a imagem da marca no mercado]", destacou a mesma fonte.
Questionada sobre se pretende reduzir, manter ou aumentar a atual força de trabalho, a mesma fonte do BPCE disse que não está "a planear sinergias de custos", salientando que pretende "apoiar o desenvolvimento do banco".
Referiu ainda que o grupo não pretende cotar o Novo Banco em bolsa.
Sobre se pretende realizar mais alguma aquisição em Portugal, o banco indicou que tem "apenas um objetivo, que é finalizar e concluir com sucesso esta aquisição muito importante".
Contexto: A entrada do BPCE em Portugal e a origem do Novo Banco
A compra do Novo Banco pelo BPCE marca a entrada do grupo francês na banca de retalho em Portugal, onde já atua no crédito ao consumo e banca de investimento através do Banco Primus, da Oney e da Natixis.
De recordar que o Novo Banco foi criado em 2014 para ficar com parte da atividade bancária do Banco Espírito Santo (BES), na resolução deste.
Desde 2017, quando o Novo Banco foi vendido à Lone Star, o Fundo de Resolução bancário injetou 3.405 milhões de euros no banco, provocando várias polémicas políticas e mediáticas. Com o fim antecipado deste mecanismo, em final de 2024, tornou-se possível a venda do Novo Banco e que este pague já dividendos.
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