Em comunicado, a transportadora aérea estatal refere que a aeronave está a operar desde o início da manhã de hoje, tendo capacidade para transportar 134 passageiros e "a vantagem de acomodar mais volumes e carga".
"Aliviando a pressão dos voos diários da companhia", explica a LAM, acrescentando que passa assim a operar com quatro aeronaves, incluindo os anteriores: um CRJ 900 e dois Embraer 145.
"A LAM está empenhada na busca de soluções definitivas para devolver a qualidade das suas operações e garantir a melhoria na assistência aos passageiros", refere ainda o comunicado da empresa.
A LAM justificou, em 24 de abril, o cancelamento e constante reprogramação de voos com a redução da frota para três aviões, após a retirada de duas aeronaves de CRJ 900, da sul-africana CemAir, na sequência da rescisão unilateral do contrato.
"Estamos com constantes reprogramações de voos e essas reprogramações constam de um processo de cancelamento, estamos a ter cancelamentos, reprogramações por falta de capacidade de escoamento de passageiros", admitiu na altura o porta-voz da companhia de bandeira, Alfredo Cossa, em conferência de imprensa.
Com a retirada dos aviões da companhia privada sul-africana CemAir CRJ 900, com capacidade para 90 passageiros cada, a companhia estatal moçambicana passou então a operar com três aviões -- que agora passam a ser quatro -, contando ainda com uma outra, para 37 passageiros, mas que não opera com regularidade, já que não é propriedade da LAM.
"Concentramo-nos agora na procura de parceiros para solucionar a crise que estamos a passar e estamos em negociações", disse Alfredo Cossa.
As Linhas Aéreas afirmaram que a rescisão de contrato com a companhia sul-africana proprietária dos aviões CRJ 900 foi feito "de forma unilateral, sem pré-aviso", com consequências na redução "drástica do escoamento de passageiros".
A LAM avançou em 31 de janeiro com um procedimento para tentar contratar o fornecimento de aeronaves Embraer ERJ190 e Boeing 737-700, segundo edital noticiado anteriormente pela Lusa, mas não são conhecidos resultados do concurso.
Há vários anos que a LAM enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.
Os recorrentes problemas na companhia de bandeira levaram à contratação da Fly Modern Ark (FMA), contrato que terminou em 12 de setembro de 2024 e vigorava desde abril de 2023, quando a empresa sul-africana foi chamada para implementar uma estratégia de revitalização.
A FMA reconheceu então que a LAM tinha uma dívida estimada em cerca de 300 milhões de dólares (269 milhões de euros, no câmbio atual).
Entretanto, o Ministério Público (MP) moçambicano anunciou em abril a abertura de um processo para investigar os contornos da assinatura de acordo entre a FMA e as entidades moçambicanas para restruturar a estatal LAM.
O MP avançou também que o processo sobre alegados esquemas de corrupção na venda de bilhetes na LAM segue sem arguidos constituídos, estando igualmente em instrução, sendo objetivo identificar a titularidade ou pertença das máquinas dos terminais de pagamento automático usados para vender bilhetes, apurar os prejuízos e identificar os seus autores.
Em fevereiro o Governo autorizou a venda de 91%, a empresas estatais, da participação do Estado na transportadora LAM, indicando que o valor vai ser usado para aquisição de oito aeronaves.
Em média, a LAM tem atualmente um universo de 915 passageiros diários para destinos nacionais e regionais.
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