O grupo CaixaBank, dono em Portugal do BPI, teve lucros de 1.470 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, um aumento de 46,2% comparando com os mesmos meses de 2024.
O Caixabank destacou, num comunicado, que, em termos comparáveis, o aumento dos lucros foi porém de 6,9%, por causa do impacto do pagamento em Espanha, em 2024, no primeiro trimestre do ano, de um imposto extraordinário sobre ganhos com comissões e juros.
Sobre os resultados do BPI, que o banco português apresentará na próxima semana, em Lisboa, o CaixaBank revelou hoje que o volume de negócios cresceu 5,6% no primeiro trimestre, em comparação com os mesmos meses do ano passado, com a carteira de "crédito saudável" a ascender aos 30,8 milhões de euros (mais 4,6%) e os recursos dos clientes a passarem para 36,4 milhões de euros (mais 6,5%).
A diminuição de 15,3% do contributo do BPI para os resultados do CaixaBank neste trimestre está relacionada, essencialmente, com a queda da margem de juros (a diferença entre juros pagos e cobrados pelo banco), por causa da diminuição das taxas, disse à Lusa fonte oficial do banco espanhol, que destacou que "a atividade continua a crescer" e o banco português continua a conquistar quota de mercado.
O CaixaBank divulgou hoje que o BPI tinha no final do trimestre uma quota de mercado de 14,7% nas hipotecas (empréstimos para comprar casa) e de 10,6% nos depósitos.
A taxa de morosidade (atrasos no pagamento das prestações dos empréstimos pelos clientes) fixou-se nos 1,7% no BPI neste trimestre, enquanto no global do Caixabank se situou nos 2,5%.
São taxas de morosidade com "níveis historicamente muito baixos", destacou o CaixaBank, num comunicado.
O indicador de rentabilidade ROTE no BPI foi 20% no primeiro trimestre.
O CaixaBank apresentou em novembro do ano passado um novo plano estratégico, para o período 2025-2027, segundo o qual espera um crescimento de 4% ao ano até 2027, tanto para todo o grupo como para o BPI.
No comunicado divulgado hoje, o presidente executivo do grupo, Gonzalo Gortázar, destacou que o banco iniciou "o primeiro exercício do novo plano estratégico com um avanço significativo" nos objetivos definidos e referiu o "contexto atual de crescente incerteza".
"Estamos a acelerar o crescimento da atividade, impulsionando a transformação das nossas operações e do investimento no negócio, reduzimos os saldos duvidosos e mantemos elevados níveis de liquidez e capital", afirmou Gortázar, citado no comunicado.
Numa conferência de imprensa posterior, 'online', a partir de Barcelona, Gortázar disse que a guerra comercial iniciada com as novas taxas anunciadas e aplicadas pelos Estados Unidos tem o potencial de afetar negativamente a procura de crédito a médio e longo prazo.
No entanto, para já, o banco não sentiu qualquer impacto e o CaixaBank mantém os objetivos de crescimento anunciados.
Quanto ao apagão elétrico desta semana na Península Ibérica, Gonzalo Gortázar considerou que terá um impacto económico limitado, que "não vai ser material", atendendo à que, à partida, foi um incidente isolado que não se vai repetir.
O sistema bancário não foi afetado pelo apagão, embora alguns serviços tenham deixado de funcionar durante algumas horas, exclusivamente por falta de alimentação de eletricidade, como aconteceu com caixas multibanco ou terminais de pagamento de estabelecimentos comerciais.
"Penso que houve uma resiliência muito notável", afirmou.
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