"Tenho a consciência que a proposta da Mota Engil é a melhor. É a melhor no preço, bem como aquela que melhor conhece o mercado e o setor. Tivemos todas as condições para estudar esta proposta de aquisição. Dito isto, a minha convicção é a de que temos a melhor proposta e a nossa expetativa é muito elevada", disse Gonçalo Moura Martins na conferência de imprensa de apresentação de resultados do grupo.
O grupo português DST, o grupo belga de resíduos industriais Indaver, a SUMA, constituída pela Mota-Engil e Urbaser, e a espanhola FCC continuam na corrida à privatização da EGF, confirmaram à Lusa fontes ligadas à operação.
O Governo anunciou a 31 de julho que recebeu quatro propostas vinculativas dos candidatos à privatização da EGF, de um lote de sete candidatos que passaram à segunda fase de privatização.
De fora ficaram os agrupamentos constituídos pelo grupo português de gestão de resíduos EGEO, que se aliou ao fundo de investimentos em infraestruturas Antin, bem como o consórcio composto pelas brasileiras Odebrecht e Solvi, que não apresentaram propostas.
Apesar de admitir "não gostar de comentar processo em curso", Gonçalo Moura Martins sublinhou que a privatização da EGF "foi a única [privatização] perante a qual a Mota Engil disse que estava interessada".
Questionado sobre qual a rentabilidade que a EGF pode trazer para o grupo, Gonçalo Moura Martins enumerou as mais-valias da Mota Engil que, no seu entender, poderão pesar na decisão final.
"Temos resíduos em Angola, Moçambique, México, vamos entrar no Brasil. Temos um plano estratégico neste negócio e sabemos levar negócios, competências, pessoas treinadas e engenharia, para fora. E temos isso para a EGF", ressalvou.
O presidente executivo da Mota Engil reforçou ainda que, para além do grupo ter "um plano, uma estratégia para a EGF", também sabe o que quer: "Sabemos o que queremos para a EGF e queremos que seja um navio almirante para um processo de internacionalização. É minha convicção que a nossa é a melhor proposta e as expetativas são bastante elevadas".
A agitação do mercado financeiro provocada pelo caso BES, a falta de tempo para fazer uma avaliação correta da EGF e a litigância dos municípios nos tribunais foram alguns dos motivos que levaram às desistências, segundo fontes contactadas pela Lusa.
O consórcio chinês constituído pelas empresas Beijing Capital Group e Capital Environment Holdings Limited também abandonou a corrida.
A Parpública, entidade responsável pelo concurso, e a AdP terão agora de elaborar um relatório com uma avaliação das propostas, que considere o preço proposto para a aquisição das ações da EGF, bem como a qualidade do projeto, propondo em seguida a escolha imediata da proposta vencedora ou a realização de negociações.
A EGF é responsável pela recolha, transporte, tratamento e valorização de resíduos, através de 11 empresas de norte a sul do país que têm como acionistas a empresa estatal AdP (51%) e os municípios (49%).
O processo de privatização prevê no seu caderno de encargos que os 174 municípios abrangidos pelo sistema pudessem vender as suas ações, mas apenas 12 aceitaram fazê-lo.
De acordo com a AdP, foi alienado 24,11% do capital social da Resinorte, empresa de resíduos do Norte Central e 10,61% da ERSUC, da zona Centro, permitindo um encaixe de 4,6 milhões de euros aos 12 municípios vendedores.
As ações a alienar no âmbito deste concurso ficam sujeitas ao regime de indisponibilidade por um período de cinco anos.
A privatização tem sido fortemente contestada pelos municípios e alvo de providências cautelares para tentar travar o processo.
O grupo Mota-Engil registou um resultado líquido positivo de 31,1 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que representa um crescimento de 50% face ao período homólogo de 2013, foi hoje anunciado.