Trabalhadores da Jodel concentram-se para denunciar salários em atraso
Os trabalhadores da Jodel concentram-se na quarta-feira frente às instalações da fabricante de detergentes, em Aveiras de Cima, para denunciarem três meses de salários em atraso e apelarem ao Governo para "não deixar cair mais uma empresa".
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Economia Salários em atraso
Em declarações à agência Lusa, Benny Freitas, do Sindicato dos Trabalhadores das indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (Site-CSRA), disse que os 175 trabalhadores da Jodel -- que, segundo o sindicalista, terá já apresentado em tribunal um pedido de acesso a um Processo Especial de Revitalização (PER) - não receberam os salários de julho, agosto e setembro.
"A empresa diz que tem problemas de tesouraria e relacionados com dívidas a fornecedores e a bancos, mas que tem intenções de continuar a laborar e manter os postos de trabalho para garantir a produção", referiu o dirigente sindical.
Contactada pela Lusa, a presidente executiva Jodel, Filipa Ferreira, afirmou que a empresa está "totalmente empenhada" no "cumprimento diligente dos seus deveres", garantindo que está a "fazer tudo o que está ao seu alcance para honrar com as suas obrigações perante trabalhadores e entidades", tendo, inclusivamente, já tomado "as medidas necessárias para fazer face à situação atual".
Segundo Benny Freitas, face ao não pagamento dos salários, cerca de meia centena de trabalhadores da Jodel "já suspenderam o contrato de trabalho" e "alguns já demonstraram a intenção de rescindir os contratos com justa causa".
O dirigente sindical lembra que "já há cerca de um ano" que a empresa tem vindo a revelar dificuldades, mas recentemente estas "agravaram-se", levando à "falha no pagamento dos salários, a bancos e a fornecedores".
"A empresa diz que deu entrada com um PER em finais de agosto, início de setembro, para ter condições que possibilitem a manutenção da atividade, mas já passou um mês e ainda não apresentou condições para garantir o futuro", afirmou.
Garantindo que "o sindicato fez todos os esforços para garantir a manutenção da fábrica e os postos de trabalho", o dirigente do Site-CSRA diz que, "chegados até aqui sem nenhum compromisso, decidiu fazer uma denúncia pública e uma concentração" para alertar para a situação dos trabalhadores.
"O Governo não pode continuar a fazer de conta que não é nada com ele", sustenta Benny Freitas, detalhando que o sindicato contactou o secretário de Estado do Trabalho e o ministro da Economia, mas, "até ao momento, não teve qualquer resposta".
Agendada para entre as 08:00 e as 10:00 de quarta-feira, a concentração de trabalhadores visa "alertar as autoridade governamentais para a necessidade de atuar" e "não deixar cair mais uma empresa, com todos os prejuízos que poderia causar no plano social".
"A cada dia que passa a situação dos trabalhadores agrava-se e, havendo clientes e encomendas suficientes para a continuidade da empresa, como nos transmitiu a representante do Conselho de Administração, faz todo o sentido envolver a empresa, autarcas e Governo, para que seja encontrada uma solução que garanta essa continuidade e a garantia do pagamento dos salários em atraso", refere o sindicato.
Fundada em 1968 por José Ferreira e Maria Manuela Ferreira, a Jodel iniciou a sua atividade em Odivelas, com uma unidade fabril de detergentes sólidos e líquidos orientada para o mercado 'corporate', segundo se lê na página oficial da empresa.
Em 1997, passou a contar com uma nova fábrica de 120.000 metros quadrados em Aveiras, que permitiu integrar novas tecnologias e aumentar a capacidade produtiva, tendo iniciado em 2006 o fabrico de detergentes sólidos atomizados pelo processo de fabrico NTD e, em 2012, investido na construção de um armazém automatizado.
Em 2019, a empresa - que se apresenta como "a maior empresa industrial de higiene em Portugal" - refere ter iniciado a construção de uma nova unidade industrial "orientada para a higiene pessoal".
[Notícia atualizada às 21h47]
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