O último Censos revela que Portugal perdeu nos últimos anos entre 14% a 18% da sua população no interior. Os dados são apontados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), que numa publicação nas redes sociais questiona se serão os nómadas digitais uma 'solução'.
"Numa década, o interior de Portugal perdeu entre 14% e 18% da sua população, revela o último Censos. Poderão os nómadas digitais ajudar a inverter esta tendência?", questiona a fundação, dando conta da opinião de José Manuel Mendonça, investigador e professor emérito da Universidade do Porto, que defende que a solução não passa por aí.
"Os nómadas digitais poderão certamente ajudar a construir um 'novo interior', mas duvido que venham a ser determinantes em termos da percentagem da sua população futura", explicou o investigador à FFMS.
Na opinião de José Manuel Mendonça, serão as atividades ligadas "aos investimentos no território – como floresta, agricultura, ambiente, turismo, património cultural, etc. – as que terão maior potencial de geração de emprego local".
"Como os nómadas digitais trabalham remotamente para empresas com sedes e negócios no estrangeiro e em serviços ligados à área financeira, informática, design ou consultoria, têm total autonomia de escolha para viver numa cidade do litoral ou num território do interior. E, com salários bem acima da média, têm poder de escolha", lembra.
Numa década, o interior de Portugal perdeu entre 14% e 18% da sua população, revela o último Censos. Poderão os nómadas digitais ajudar a inverter esta tendência? José Manuel Mendonça, investigador e professor emérito da UPorto, diz que o contributo dos nómadas digitais é… pic.twitter.com/3nxbIlaIqL
— Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) (@ffms_pordata) August 28, 2024
A FFMS falou ainda com Célia Gonçalves, diretora executiva do projeto Rede de aldeias de Montanha, que defende que os nómadas digitais "podem representar, claramente, mais um contributo no combate ao despovoamento do interior de Portugal, mas não podemos de todo afirmar que são a solução dos problemas de desertificação do interior".
Para a responsável, é preciso que haja um esforço conjunto por porte do executivo, autarquias locais, empresas e comunidades para que sejam criadas as condições necessárias para "o sucesso [da instalação destes trabalhadores digitais no interior do país]".
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