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Preço do cacau continua a subir e "é difícil" dizer se já atingiu pico

O preço do cacau nos mercados internacionais disparou 150% desde o início do ano e tocou pela primeira vez os 10.000 dólares por tonelada, mas há dúvidas que o pico tenha sido atingido, segundo os analistas consultados pela Lusa.

Preço do cacau continua a subir e "é difícil" dizer se já atingiu pico
Notícias ao Minuto

07:53 - 28/03/24 por Lusa

Economia Cacau

O preço dos futuros do cacau para entrega em maio, negociados na bolsa de Nova Iorque, tem vindo a subir desde o ano passado, com esta matéria-prima a atingir na terça-feira novos recordes históricos, ao ser momentaneamente transacionado acima dos 10.000 dólares por tonelada.

Nos mercados internacionais, o preço do cacau subiu 60% ao longo do ano passado, mas desde o início do ano, em menos de três meses, a cotação do cacau já aumentou quase 150%, destaca o economista sénior do Banco Carregosa Paulo Rosa.

A impulsionar este aumento está, sobretudo, a escassez na oferta, o que o economista assinala ser visível no declive negativo da curva dos preços dos vários contratos futuros, em que os preços para entrega imediata, bem como dos prazos mais curtos, são mais elevados que os preços dos contratos de prazos mais longos (tendo em conta que o aumento da procura do cacau se mantém constante e previsível ao longo dos anos).

Paulo Rosa destaca que o contrato futuro para entrega em dezembro de 2025 cota nos 5.650 dólares, quase 45% abaixo dos preços atuais para entrega em maio.

Considerando que a marca dos 10.000 dólares por tonelada, dos futuros para entrega em maio, poderá ser uma barreira psicológica para os investidores, o porta-voz da corretora XTB, Henrique Tomé, considera que não se deve "excluir a possibilidade de os preços do cacau começarem a corrigir ligeiramente".

No entanto, salienta que "a força compradora tem sido muito forte ao longo dos últimos tempos" e que, nos últimos meses, "os momentos em que o preço aparentava dar sinais de abrandamento, acabaram por ser marcados por fortes movimentos de alta no cacau".

"Por isso, ainda é difícil de avançar se os preços já atingiram o pico, até porque os problemas relacionados com a oferta poderão agravar-se e deverá refletir-se no preço da matéria-prima", disse, salientando que "estes aumentos poderão não estar apenas relacionados com os fundamentos, mas também estão associados à atividade de fundos especulativos".

Paula Rosa alerta que os produtores de chocolate começam gradualmente a repercutir a subida desta matéria-prima agrícola nos produtos e, consequentemente, "os clientes finais verão os preços mais caros do chocolate e de todos os doces que utilizam o cacau na sua confeção".

A escassez desta matéria-prima já se fazia sentir no ano passado, mas a redução na oferta, sobretudo a proveniente de África Ocidental, principal região produtora (que deverá registar o terceiro défice anual consecutivo), deverá ser ainda maior este ano, devido a colheitas inferiores ao esperado, consequência de crescentes problemas provocados pela "doença dos rebentos inchados", pelas fortes chuvas e pelo calor seco que afetam as culturas.

"As perspetivas para as próximas colheitas não são animadoras, sendo provável uma crescente escassez de cacau, facto que poderá impulsionar um pouco mais os preços", vinca Paulo Rosa, apontando para um quarto défice consecutivo nas próximas colheitas.

Entre os principais produtores mundiais estão a Costa do Marfim e Gana, com quotas de mercado globais de 43% e 20%, respetivamente.

"A Organização Internacional do Cacau (ICCO) antecipa que o défice global de cacau em 2023/24 possa aumentar para 374 mil toneladas métricas, do saldo negativo de 74 mil toneladas métricas em 2022/23", indica o economista sénior do Banco Carregosa.

Paulo Rosa assinala ainda que a ICCO também estima que a produção global de cacau em 2023/24 cairá 11% em termos anuais para 4,45 milhões de toneladas métricas, e a moagem global de cacau cairá quase 5%, o que empurrará a relação stocks/moagem de 2023/24 para o nível mais baixo em mais de 40 anos.

Henrique Tomé realça que, embora outros produtores, como o Brasil ou o Equador, queiram aumentar a sua produção, levará "alguns anos até que os cacaueiros recém-plantados deem frutos".

"Além disso, as novas regras ambientais, que estão prestes a ser aprovadas na União Europeia, um importante importador de cacau, deverão limitar ainda mais a oferta. As reservas de cacau têm diminuído desde o segundo semestre de 2023, mas não chegam nem perto da escala da mudança nos preços futuros", indica o porta-voz da XTB.

Leia Também: Preço do cacau supera 10 mil dólares por tonelada (um novo recorde)

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