Ex-CEO da TAP acusa Medina de "chantagem". "Senti-me humilhada"
Christine Ourmiéres-Widener diz não estar a "fugir de nada" e esclarece o que se passou na TAP.
Marta Amorim | 23:14 - 12/02/2024© Getty Images
Economia TAP
Christine Ourmières-Widener, em entrevista à CNN na segunda-feira, afirmou que o ministro das Finanças lhe garantiu que não fez "nada de mal, mas tinha" de despedi-la "por motivos políticos".
"Aconselhou-me veemente a demitir-me pela minha reputação. Chamo a isso chantagem e estar a ameaçar-me e foi o que ele fez", disse a antiga CEO da companhia, acrescentando que Fernando Medina lhe terá dito "que podia receber um bónus e que esse bónus seria discutido" depois de Ourmières-Widener apresentar a demissão.
Em declarações enviadas à Lusa, Fernando Medina refuta as declarações da gestora.
"As afirmações da ex-CEO relativamente aos motivos e procedimento do seu despedimento são falsas e lamentáveis", afirma o responsável pela pasta das Finanças.
"Todos os esclarecimentos foram por mim prestados em sede de Comissão Parlamentar de Inquérito e sê-lo-ão, se necessário, de novo, em sede da ação judicial atualmente em curso", acrescenta.
A ex-CEO da TAP, em entrevista à CNN, considerou que a resposta da TAP à ação que moveu contra a companhia está "cheia de mentiras, ataques e insultos".
"Estão a tentar destruir a minha reputação, o meu passado. Dizem todo o tipo de coisas a meu respeito que não são verdade, que não tive nada que ver com o sucesso da empresa e com os resultados positivos", disse.
Questionada sobre se haverá hipóteses de um acordo amigável, Ourmières-Widener disse acreditar "que as pessoas razoáveis podiam ter a oportunidade de ter uma conversa adequada".
"Vamos ver. Não sei. Mas espero que este processo tenha um fim e que tenha o fim correto", acrescentou.
A TAP acusou Christine Ourmières-Widener de violar o regime de exclusividade a que estava obrigada na companhia aérea, por ter acumulado vários cargos noutras empresas, sem informar ou obter autorização.
A ex-CEO da TAP foi exonerada por justa causa, em abril de 2023, no seguimento da polémica indemnização de meio milhão de euros à antiga administradora Alexandra Reis, que levou à demissão do então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado Hugo Mendes, e à constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea.
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