O antigo presidente do Conselho de Administração Alexandre Soares dos Santos e o ministro da Economia, António Pires de Lima, discursaram hoje na inauguração das novas linhas de produção da fábrica da Unilever Jerónimo Martins (UJM) de Santa Iria de Azóia, em Loures, um investimento de cerca de 30 milhões de euros e que vai permitir aumentar a produção vocacionada para exportação de 30% para 50".

Na sua intervenção, Pires de Lima cumprimentou "de forma especial" Alexandre Soares dos Santos, que classificou como "grande empresário português" e saudou "o seu longo e extraordinário percurso empresarial", que "merece um reconhecimento e agradecimento particular".

"Não quero deixar de sublinhar aquilo que Portugal deve [a Alexandre Soares dos Santos], o amor que sempre revelou sobre o seu país, o dinamismo, empenho, entrega, em prol de um projeto, a Unilever", que, "passo a passo, de forma determinada", é hoje "uma referência em Portugal".

Por seu lado, Alexandre Soares dos Santos manifestou-se "extremamente grato" por ter sido convidado para o evento da UJM, nomeadamente porque foi a primeira vez que um ministro da Economia visitou a empresa.

"Nos 46 anos que estive nesta empresa é a primeira vez que um ministro da Economia visita a empresa, quer esta quer a Jerónimo Martins e não posso deixar de manifestar o meu agrado por esta visita", sublinhou o empresário, que apontou o "apreço" que sente pelo ministro, "como homem e gestor profissional", nomeadamente com a passagem de Pires de Lima na Compal.

"Nós nunca conseguimos lá chegar [à Compal], o senhor tratou de sabotar", disse Alexandre Soares dos Santos, o que arrancou gargalhadas.

Pires de Lima sublinhou a matriz industrial familiar da Unilever.

"Temos a convicção e a certeza de que a Unilever não seria aquilo que é em Portugal se não tivesse influência forte, determinada, da família Jerónimo Martins e nomeadamente de Alexandre Soares dos Santos, permanentemente", disse Pires de Lima.

Estes investimentos da UJM "são relevantes", pois demonstram a confiança em Portugal, a aposta na indústria e aumentam a capacidade produtiva da unidade.

"Toda esta criação de valor de riqueza" é "assegurada num ambiente de forte coesão e unidade social", apontou Pires de Lima, referindo que "não se discute a existência de sindicatos ou convicções das pessoas", já que "no final percebe-se, ao visitar a Unilever, que os trabalhadores, gestores e acionistas trabalham para um mesmo objetivo".

Os interesses até podem não ser todos convergentes, mas existe "um clima de responsabilidade social e paz social para conseguirem cumprir esses objetivos", disse o ministro.

"Se fossemos um país que estudasse bem a história das empresas" este seria "um caso talvez raro" de uma 'joint-venture' - com 65 anos -- a "manter os mesmos parceiros, apesar do desequilíbrio que existe entre a Unilever e a Jerónimo Martins", afirmou Alexandre Soares dos Santos.

Soares dos Santos lamentou que os poderes políticos em Portugal "detestem tanto a iniciativa privada" e manifestou pena por "algumas broncas que aparecem por aí às vezes", sem identificar quais.