"Os desequilíbrios atuais superaram os da última grande crise de fim de sexénio, em finais de 1994, se bem que as condições atuais sejam diferentes. Reduzir a vulnerabilidade económica requer ajustes de política económica no curto prazo", indicou a Moody's Analytics em relatório.
A análise documenta um excesso de procura, que equivale a cerca de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB), acima dos 4% de 1994, quando acabou a presidência de Carlos Salinas de Gortari (1988-1994) perante uma crise económica.
Por outro lado, o défice externo foi quantificado um pouco acima dos 7% do PIB, comparados com 4% em 1994.
"Quando uma economia sofre um excesso de procura durante um período prolongado, a produção nacional não consegue satisfazer a procura interna, pelo que o dito excesso tende a refletir-se em inflação e desequilíbrio externo", detalhou a Moody's.
A agência considerou que "a maior pressão do consumo forçou a economia a um desempenho acima da sua capacidade produtiva".
A situação foi atribuída pela agência de 'rating' à continuação da política monetária expansiva, somada às transferências monetárias do governo, à política de aumento do salário mínimo acima da inflação e ao crescente volume de remessas externas.
"A expansão da procura interna, provocada em particular pela aceleração do consumo, alimentou os preços internos e impulsionou a inflação para um máximo de 8,7% em 2022", acrescentou.
A Moody's também atribuiu o crescente desequilíbrio externo ao fortalecimento do peso mexicano, que teve uma apreciação recorde de quase 13% em 2023.
Acentuou ainda que dos quase cinco pontos percentuais do PIB que a procura interna ganhou nos últimos cinco anos, quase três foram cobertos pelas importações.
Por fim, a Moody's considerou que o programa orçamental expansivo aprovado pelo governo de Lopez Obrador para 2024, ano de eleições presidenciais, "poderia alimentar ainda mais a procura interna e aumentar o excesso de procura, com consequências relevantes no aumento do desequilibro externo".
Para a Moody's, em conclusão, "isto pode aumentar anda mais a vulnerabilidade da economia mexicana".
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