Moody's avisa que economia mexicana está cada vez mais desequilibrada

A agência de notação financeira Moody's advertiu hoje que a economia mexicana está a ficar com desequilíbrios internos e externos crescentes, quando decorre o último ano da presidência de Andrés Manuel Lopez Obrador.

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Lusa
04/01/2024 23:33 ‧ 04/01/2024 por Lusa

Economia

Moody's

"Os desequilíbrios atuais superaram os da última grande crise de fim de sexénio, em finais de 1994, se bem que as condições atuais sejam diferentes. Reduzir a vulnerabilidade económica requer ajustes de política económica no curto prazo", indicou a Moody's Analytics em relatório.

A análise documenta um excesso de procura, que equivale a cerca de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB), acima dos 4% de 1994, quando acabou a presidência de Carlos Salinas de Gortari (1988-1994) perante uma crise económica.

Por outro lado, o défice externo foi quantificado um pouco acima dos 7% do PIB, comparados com 4% em 1994.

"Quando uma economia sofre um excesso de procura durante um período prolongado, a produção nacional não consegue satisfazer a procura interna, pelo que o dito excesso tende a refletir-se em inflação e desequilíbrio externo", detalhou a Moody's.

A agência considerou que "a maior pressão do consumo forçou a economia a um desempenho acima da sua capacidade produtiva".

A situação foi atribuída pela agência de 'rating' à continuação da política monetária expansiva, somada às transferências monetárias do governo, à política de aumento do salário mínimo acima da inflação e ao crescente volume de remessas externas.

"A expansão da procura interna, provocada em particular pela aceleração do consumo, alimentou os preços internos e impulsionou a inflação para um máximo de 8,7% em 2022", acrescentou.

A Moody's também atribuiu o crescente desequilíbrio externo ao fortalecimento do peso mexicano, que teve uma apreciação recorde de quase 13% em 2023.

Acentuou ainda que dos quase cinco pontos percentuais do PIB que a procura interna ganhou nos últimos cinco anos, quase três foram cobertos pelas importações.

Por fim, a Moody's considerou que o programa orçamental expansivo aprovado pelo governo de Lopez Obrador para 2024, ano de eleições presidenciais, "poderia alimentar ainda mais a procura interna e aumentar o excesso de procura, com consequências relevantes no aumento do desequilibro externo".

Para a Moody's, em conclusão, "isto pode aumentar anda mais a vulnerabilidade da economia mexicana".

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