"A mudança na perspetiva de classificação de Macau para negativa reflete a avaliação da Moody's das estreitas ligações políticas, institucionais, económicas e financeiras entre Macau" e o interior da China, referiu a agência na quarta-feira, num comunicado.
A Moody's sublinhou que os setores do turismo e do jogo, estão muito dependentes dos visitantes chineses e que o sistema bancário de Macau "está igualmente exposto" à China continental, cuja classificação a agência também reviu em baixa.
Em resposta divulgada na quarta-feira à noite, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) defendeu que, pelo contrário, "os estreitos laços económicos" com o interior da China "proporcionam um forte apoio ao desenvolvimento de Macau a longo prazo".
A economia mundial "enfrenta atualmente desafios complexos e com múltiplas incertezas", enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2% até setembro, "o que terá um impacto positivo" para Macau, defendeu a AMCM, num comunicado.
Apesar da revisão em baixa da perspetiva, a Moody's manteve a classificação de Macau em Aa3. As classificações na categoria "Aa", a quarta mais alta da agência, são de alto grau de investimento e estão sujeitas a um risco de crédito muito baixo.
As "grandes reservas fiscais e externas" de Macau dão à economia "amortecedores muito fortes para absorver choques e tendências negativas de longo prazo, incluindo o abrandamento estrutural da economia da China continental", acrescentou a Moody's.
Também na quarta-feira, a agência tinha baixado a perspetiva do 'rating' da China de "estável" para "negativo", devido aos altos níveis de endividamento da segunda maior economia do mundo.
"A alteração para perspetiva negativa reflete os indícios crescentes de que o governo e o setor público vão prestar apoio financeiro aos governos regionais e às empresas públicas em dificuldades", afirmou a Moody's, em comunicado.
Isto "gera riscos significativos (...) para a solidez orçamental da China", face ao abrandamento da economia do país e às dificuldades no setor imobiliário, acrescentou.
Na sequência do relatório, o ministério das Finanças chinês declarou-se "desiludido" com a decisão da Moody's.
Durante muito tempo, o setor imobiliário representou um quarto do PIB da China, assegurando a subsistência de milhares de empresas e de trabalhadores pouco qualificados.
Nos últimos 20 anos, o setor registou um crescimento fulgurante, mas os problemas financeiros de grupos imobiliários emblemáticos estão agora a alimentar a desconfiança dos compradores, num contexto de casas inacabadas e de queda dos preços por metro quadrado.
Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas - cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.
Para relançar o mercado imobiliário e estimular a atividade, o Governo intensificou o apoio ao setor nos últimos meses. Mas os resultados continuam a ser inconclusivos.
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