"Prevemos que a produção de crude e gás natural na região da África subsaariana vá subir 2,5% em 2024, com o crescimento a ser sustentado por novos poços na Nigéria, estreia da produção no Senegal e novos projetos no Gabão", lê-se no relatório desta consultora sobre a produção de hidrocarbonetos na África subsaariana, a que a Lusa teve acesso.
A produção em África deverá, assim, subir de 4,048 milhões de barris diários, este ano, para 4,153 milhões em 2024, evolução contrária à prevista para Angola, que deverá ver a produção descer 1,7%, passando de 1,18 milhões de barris diários, este ano, para 1,16 milhões em 2024.
A análise da BMI Research, enviada aos clientes antes do anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) de limitar a produção angolana a 1,11 milhões de barris diários, e da resposta negativa por parte de Angola, na quinta-feira, vinca que "o segundo maior produtor na África subsaariana continua a sofrer os efeitos da redução de investimentos nos poços existentes nos últimos anos".
A redução prevista para Angola "vai limitar o crescimento regional", referem os analistas.
A longo prazo, a previsão desta, detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, aponta para dificuldades no regresso de Angola a níveis de produção anteriores à pandemia, ao contrário do que prevê para a região.
"Angola deverá registar um declínio significativo na produção de petróleo durante o período em análise [até 2030] devido a uma falta de grandes projetos que entrem em funcionamento; no entanto, o projeto Agogo, da Azule Energy, representará um risco positivo face às nossas previsões, mais para o final da década", apontam os analistas.
A nível regional, o crescimento do PIB na região deverá ser de 3,9% no próximo ano, com os elevados preços do petróleo, acima de 80 dólares, a apoiarem a atividade económica nos países exportadores, o que por sua vez poderá sustentar o crescimento robusto do consumo de combustíveis e de gás, conclui a BMI Research.
Na quinta-feira, a OPEP anunciou uma redução na produção global de até um milhão de barris diários durante o próximo ano, contando com a oposição de Angola, que mantém a intenção de produzir 1,18 milhões de barris diariamente, 70 mil acima da meta para o país lusófono africano de 1,11 milhões definida pela maioria dos países que votaram na reunião.
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