"Este é um orçamento de receita e despesa de 112,5 milhões de euros, ultrapassou aqui o valor psicológico dos 100 milhões de euros que nunca se tinha alcançado, com exceção quando os orçamentos eram empolados", afirmou, na reunião do executivo municipal, Gonçalo Lopes (PS).
Em 2010, o orçamento do Município de Leiria foi de 126,9 milhões de euros; o do corrente ano é de 97,4 milhões de euros.
Gonçalo Lopes garantiu haver "preocupação de manter um orçamento de rigor financeiro, dando seguimento ao que tem sido a estratégia dos últimos anos", elencando depois pontos que considera mais relevantes do documento.
Na despesa de pessoal, apontou os "29,4 milhões de euros, que representam 26,20% do orçamento", para referir que "Leiria é, entre os municípios de grande dimensão, o segundo com menor peso da despesa com pessoal na despesa total".
Ainda sobre a despesa, declarou que o "peso da dívida é de 11 milhões de euros", para salientar que "dívidas a fornecedores praticamente" a câmara não tem, sendo que paga, todos os anos, "2,9 milhões de euros" para amortizar capital e juros.
Admitindo "desafios muito grandes" na despesa corrente devido à inflação, agravada pela guerra na Faixa de Gaza, que "também tem influência na incerteza do futuro", o autarca exemplificou com os custos da eletricidade, combustíveis ou recolha do lixo.
Ao referir-se à descentralização de competências, o presidente da Câmara considerou que este é, provavelmente, o orçamento que "mais investe na educação na última década", realçando a requalificação das escolas D. Dinis e Afonso Lopes Vieira, "todas elas superiores a cinco milhões de euros", investimentos para começar em 2024.
Já sobre a descentralização de competências na área da saúde, Gonçalo Lopes declarou que estão em orçamento para 2024 os centros de saúde na Barreira, Santa Eufémia e Pousos, e, quanto aos apoios sociais, enumerou o arrendamento de habitação, a compra de medicamentos ou as creches, além do Fundo de Emergência Social, com uma verba de 1,2 milhões de euros.
Na cultura, 2024 vai marcar o encerramento dos investimentos na Villa Portela, na encosta do Castelo e da 'Black box'.
"O próximo ano encerra um ciclo", considerou Gonçalo Lopes, para assinalar que começa outro, que inclui a ampliação da Biblioteca Municipal ou novos trabalhos no Castelo, enquanto no desporto e lazer destacou o novo parque verde da cidade, o designado "Aquapolis".
Na área económica, além do Parque Empresarial de Monte Redondo, sobressai a intervenção no topo norte do estádio municipal destinado à instalação de empresas tecnológicas e serviços.
Quanto à mobilidade, o autarca sublinhou a construção do novo terminal rodoviário, sendo que as transferências para as juntas de freguesia vão somar 11,9 milhões de euros no próximo ano.
O vereador Álvaro Madureira (independente eleito pelo PSD) defendeu a necessidade de "diminuir o caos na mobilidade que se está a tornar Leiria" e, no âmbito do ambiente, a despoluição do rio Lis.
Nesta matéria, sustentou que a responsabilidade não é apenas dos efluentes suinícolas, mas também dos esgotos domésticos que "são competência da Câmara".
Álvaro Madureira acusou ainda o executivo socialista de ter uma "receita enormíssima", para defender que "tudo o que seja folgar em termos de receitas" ajuda a população, justificando o voto contra (subscrito também pelos vereadores Daniel Marques e Branca Matos) com a visão estratégica para o concelho.
"É nisso que assentamos a reflexão", acrescentou o vereador.
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