Orador convidado do seminário sobre o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), organizado pela AESE Business School e pelo Fórum para a Competitividade, o economista e professor na London School of Economics referiu incluir-se no grupo dos que acredita que nos próximos dois anos haverá problemas com as dívidas soberanas devido às taxas de juro, sendo que Portugal não estará na linha da frente.
"Portugal não terá uma crise da dívida soberana", considerou, salientando que a "breve prazo" vai ser necessário falar de reformas, nomeadamente das prestações sociais, para criar "folgas" que vão ser necessárias "daqui a três, quatro anos".
Assim, para criar espaço orçamental para fazer face a uma subida de juros, Portugal vai ter de se virar para a reforma das prestações sociais, referiu, acrescentando que o Governo que sair das próximas eleições legislaturas muito provavelmente na segunda parte da sua legislatura "vai ter de se interrogar" sobre as prestações sociais, quando "a fatura dos juros começar a aumentar e vai aumentar".
A concretização de reformas para ganhar este espaço orçamental foi uma das cinco prioridades que apontou para Portugal, onde incluiu também a necessidade de criar condições para atrair pessoas para o país (considerando, por isso, que acabar com o regime do Residente Não habitual não será a melhor estratégia) ou de ganhar escala a nível do setor tecnológico.
Antes, o antigo ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros nos governos liderados por José Sócrates Luís Amado também já tinha abordado a questão das dívidas soberanas, considerando que "mais cedo ou mais tarde" a Europa vai confrontar-se de novo com um problema nesta vertente, pelo que considerou "um feito" Portugal ter a dívida "na casa dos 100%" do PIB e conseguir continuar a reduzi-la.
Numa audição hoje na Comissão de Orçamento e Finanças, o ministro das Finanças, Fernando Medina, anunciou que o peso da dívida pública cairá este ano abaixo dos 103% previstos no Orçamento do Estado, e rejeitou que haja necessidade de alterar previsões económicas para 2024 devido à atual crise.
Com uma intervenção mais focada na vertente internacional, Luís Amado alertou que o mundo vive "a crise internacional mais grave desde a Segunda Guerra Mundial", sendo de esperar "um longo período de instabilidade e insegurança no panorama internacional", e que quem governa tem de ter a noção de disso.
Leia Também: PAN propõe suspensão de projetos de hidrogénio e passes gratuitos