"A função do Governo não deve ser a de regular todo o mercado. Acho que deve ser dirigido realmente a pessoas que realmente necessitam desse apoio", disse Pedro Castro e Almeida, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados semestrais do banco, em Lisboa.
O ministro das Finanças, Fernando Medina, adiantou, em entrevista ao Público, que está a ser trabalhada com os bancos e com o Banco de Portugal -- e será apresentada em setembro -- a possibilidade de se "alargar significativamente" a oferta de regimes de taxa fixa.
O presidente executivo do Santander salientou que as conversas "têm sido no âmbito da Associação Portuguesa de Bancos (APB)", defendendo ser "muito importante" as "conversas a três": a associação, o Ministério das Finanças e o Banco de Portugal.
"O Banco de Portugal vai ter que ter aqui um papel muito importante também, no sentido em que não saia uma medida que possa também gerar outras secções de mercado ou afetar o 'level playing field' dentro dos bancos portugueses no panorama europeu", disse.
Pedro Castro e Almeida sublinhou que, no caso do Santander, mas também de outros bancos, muitos clientes que tinham o preço de taxa variável contactam o banco porque "querem aderir a uma taxa fixa a três anos ou cinco anos, portanto entra dentro do produto taxa mista".
"Não sei se vai ser alguma medida que vai ao encontro do que os bancos já estão a fazer, e por isso, é sempre importante poder comunicá-la, mas que já está a ser feita pelo mercado", realçou.
O responsável do Santander acredita ainda que a procura de crédito de empresas e particulares nos próximos dois anos irá abrandar, por motivos distintos.
Relativamente às empresas, há menos investimento e estas estão com maiores margens, aponta, enquanto nos particulares existe uma diminuição do rendimento disponível e, no caso do crédito da habitação, existe o efeito de subida de taxas de juros.
"O que será normal nos próximos dois anos é vermos uma diminuição do balanço dos bancos", prevê.
Pedro Castro e Almeida negou ainda qualquer pressão sobre o Governo relativamente aos Certificados de Aforro: "Acho que nunca fomos consultados por nenhum ministro das Finanças sobre a política de emissão de dívida pública".
"Acho que a questão dos Certificados de Aforro deixou de se colocar a partir do momento em que os bancos já têm ofertas iguais ou superiores ao que é o Certificado de Aforro", disse.
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