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Viticultores do Douro pedem "preço justo" para as uvas que produzem

Viticultores do Douro lamentam a diminuição no benefício para o vinho do Porto e reclamam um "preço justo" para as uvas que produzem, num ano que dizem ser de aumento generalizado nos custos de produção.

Viticultores do Douro pedem "preço justo" para as uvas que produzem
Notícias ao Minuto

11:34 - 20/07/23 por Lusa

Economia Douro

"Diariamente surgem problemas para os agricultores. No concelho de Alijó este está a ser um ano terrível no que toca à viticultura: granizo, ataque de míldio, também alguns focos de ódio e de podridão negra e, depois, temos o corte no benefício. Os agricultores já estavam com as mãos na cabeça por causa de todos estes prejuízos e vem o corte de benefício que é um fator que nos ajuda a diminuir aos custos", afirmou hoje à agência Lusa André Pinto, viticultor de Castedo do Douro.

O conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) fixou em 104 mil o número de pipas (550 litros cada) a beneficiar nesta vindima. O benefício é a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto e é também uma importante fonte de rendimento dos produtores durienses.

O valor representa uma diminuição de 12 mil pipas face a 2022 e reflete a crise inflacionista e quebras nas vendas nos principais mercados exportadores.

Entretanto, as previsões apontam para aumento na ordem dos 10%, na colheita da Região Demarcada no Douro, mas a situação não é igual em todo o território.

Castedo do Douro, em Alijó (Vila Real), foi afetado por duas vezes, entre o final de maio e início de junho, pela queda de granizo e chuva intensa que causaram prejuízos numa das principais fontes de rendimento deste território: a vinha.

André Pinto e os pais tomam conta de cerca quatro hectares de vinha, e o agricultor calcula um corte de benefício "na ordem das duas pipas", ou seja, cerca de "dois mil euros", num ano em que "triplicou o custo" dos produtos necessários para os tratamentos.

Preocupado com a quebra no benefício, juntou-se também às muitas vozes durienses que reclamam o aumento do preço pago pelas uvas.

"Se o agricultor conseguisse vender as uvas a um preço mais justo iria tratar melhor, fortalecer as suas vinhas, olhar para a agricultura com outros olhos e não iria haver tantos campos abandonados", defendeu.

Além do mais, apontou, o viticultor do Douro "só sabe o preço da uva" depois da vindima.

Também Carlos Santos disse que este "está a ser um ano muito difícil" e "dispendioso".

"Tivemos granizo duas vezes na mesma aldeia e tivemos um ataque de míldio, nas partes afetadas pelo granizo, muito forte. Cheguei a fazer tratamento de oito em oito dias", afirmou o agricultor, que tem dois hectares de vinha em Castedo.

Na sua opinião, "os produtos estão com preços exagerados". "E eu não consigo perceber porque é que o vinho não consegue acompanhar estas subidas", questionou.

E agora, acrescentou, "este corte de benefício não vem ajudar em nada", salientando que, no seu caso, pode-se traduzir numa "perda de mil euros", o que considera ser "substancial" na hora de fazer face às despesas.

E além disso, frisou, "poucas são as casas que pagam 500 euros" pela pipa de vinho para consumo, considerando que o valor é insuficiente.

Este viticultor referiu que vai mantendo a atividade porque recorre à mão de obra familiar, porque se tivesse que pagar "era insuportável" e "vendia ou abandonava".

Para além da subida dos fatores de produção, como por exemplo fertilizantes, fitofarmacêuticos e combustíveis, António Sousa Pinto, que tem vinha em Santa Marta de Penaguião e Peso da Régua (Vila Real), acrescentou também o custo da mão de obra e os impostos.

Nas suas contas poderá perder "três pipas de benefício", o que considerou "muito significativo" na hora de pagar as contas. As uvas que colhe são para vender a uma produtora de vinho e também para produção própria.

"Reduzindo o benefício automaticamente vão aumentar as pipas para consumo e prevendo-se também um aumento de produção, mesmo que só seja de 10% na globalidade, o preço do vinho de mesa pode baixar", apontou.

O viticultor disse que, nesta zona do Baixo Corgo, o ano agrícola tem corrido bem, que a "vinha está saudável", embora também tenha tido necessidade de reforçar os "tratamentos".

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