"Há uma grande incerteza, mas seria prudente prepararmo-nos para a possibilidade de choques mais persistentes e frequentes no mercado de energia", afirmou a governadora do Banco Central da Noruega, Ida Wolden Bache, durante um painel dedicado a alterações estruturais no mercado da energia e implicações para a inflação.
A governadora norueguesa assinalou que, com uma maior proporção de renováveis no 'mix' energético e sistemas de armazenamento insuficientes, a oferta pode tornar-se mais "imprevisível" e apelou aos bancos centrais para aprofundarem o conhecimento dos mercados energéticos.
"Os esforços para combater as alterações climáticas podem alterar a estrutura das nossas economias de tal forma que alguns modelos existentes baseados em dados históricos serão menos relevantes", alertou, considerando "crucial" poder identificar a origem e natureza dos choques de energia "em tempo real".
Defendeu ainda uma política monetária "flexível e voltada para o futuro", mas considerou que a flexibilidade "não pode ocorrer às custas da credibilidade".
No mesmo painel, Miguel Gil Tertre, economista-chefe da Comissão Europeia (CE), também alertou para os choques energéticos, identificando duas fontes de volatilidade para os próximos anos: a disparidade entre a oferta e a procura relacionada com os combustíveis fósseis e a instabilidade da tecnologia verde devido à sua dependência do clima.
Considerou ainda que atualmente existe "menos hipóteses" de a Rússia usar o mercado energético como arma.
Os debates do Fórum BCE arrancaram esta manhã, com uma abertura pela presidente do BCE Christine Lagarde, que sinalizou que as taxas de juro vão continuar a subir.
O encerramento do evento na quarta-feira ficará marcado por um painel de debate sobre política monetária com Lagarde, o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, o governador do Banco de Inglaterra (BoE, sigla em inglês), Andrew Bailey, e o governador do Banco do Japão (BOJ, sigla em inglês), Kazuo Ueda.
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