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Finanças públicas arrancam com excedente orçamental, dizem economistas

O arranque do ano fica marcado por boas notícias para as finanças públicas portuguesas, com o Estado a alcançar um excedente orçamental no primeiro trimestre, impulsionado pelo desempenho da atividade económica, segundo os economistas consultados pela Lusa.

Finanças públicas arrancam com excedente orçamental, dizem economistas
Notícias ao Minuto

15:27 - 22/06/23 por Lusa

Economia OE2023

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta sexta-feira o saldo orçamental, em contas nacionais, dos primeiros três meses deste ano, depois do país ter fechado 2022 com um défice de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), um resultado melhor do que o previsto.

Os economistas consultados pela Lusa consideram que os dados disponíveis, nomeadamente os resultados da execução orçamental, permitem antever um excedente no primeiro trimestre.

"Em contabilidade pública, o saldo orçamental do 1.º trimestre foi de 4.899 milhões de euros (2,0% do PIB), um valor muito favorável, que deverá ser superior ao valor em contabilidade nacional", refere o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, Pedro Braz Teixeira.

A influenciar o resultado está, segundo o coordenador do Católica-Lisbon Forecasting Lab, João Borges de Assunção, a inflação, "já que a subida das receitas, particularmente as relativas ao IVA, é superior aos aumentos dos salários e pensões, que são as principais despesas do Estado".

Pedro Braz Teixeira destaca que a receita fiscal subiu 6,5%, "muito acima do orçamentado (2,7%)", enquanto as contribuições para a segurança social subiram mais (11,7%), também muito acima do planeado (3,6%).

Como fator de força esteve também evolução da despesa corrente, "que cresceu apenas 2,1% face aos 5,3% programados para o conjunto do ano, com uma grande ajuda da queda (necessariamente temporária) de 21,6% nos juros", assinala o economista.

"Infelizmente, há também um grande atraso na execução do investimento público, a crescer apenas 6,7% face aos 45,2% programados, com destaque para a falta de investimento no SNS, em que ainda só se investiu 3,8% do planeado para o conjunto do ano", refere.

Ainda assim, João Borges de Assunção alerta que o efeito positivo da inflação no saldo orçamental anual é temporário, considerando que se deverá dissipar quando a taxa regressar ao objetivo do Banco Central Europeu (BCE).

"Daí a preocupação em que não se aumente a despesa rígida do Estado, em resultado deste efeito positivo de curto prazo da inflação nas contas públicas", explica.

Enquanto Pedro Braz Teixeira acredita que o resultado alcançado no primeiro trimestre "significa pouco para o resto do ano" - porque "há uma forte sazonalidade nas contas públicas, parte da qual é arbitrária, já que muitas verbas são cativadas inicialmente pelo Ministério das Finanças, para só irem sendo libertadas em função da execução orçamental ao longo do ano" e "porque o PIB teve um crescimento excecional e irrepetível" -, João Borges de Assunção mostra-se mais otimista.

"O défice orçamental no conjunto do ano pode ficar dentro do previsto no Orçamento do Estado (0,4% do PIB nominal), apesar do aumento extraordinário das pensões que não constavam do documento original", considera, recordando que, por exemplo, o Banco de Portugal prevê um défice de 0,1%.

Apesar de mais pessimista, o economista do Fórum para a Competitividade acredita que "é agora mais fácil atingir a meta orçamental de 2023", mas defende que "não é aceitável que isso seja alcançado à custa do investimento público, sobretudo à custa do investimento público na saúde".

Na totalidade do ano de 2022, o défice orçamental caiu para 0,4% do PIB, meta que o Governo prevê também este ano alcançar.

Com as contas nacionais por setores institucionais, o INE divulga ainda a taxa de poupança das famílias, que João Borges de Assunção recorda ter sido de 6,1% no quarto trimestre de 2022.

"O bom desempenho do PIB no primeiro trimestre foi acompanhado de um crescimento frágil do consumo privado, de apenas 0,4%. Se isso for acompanhado de uma descida adicional da taxa de poupança pode sinalizar que a evolução do consumo das famílias não é suportável pelos acréscimos de rendimento disponível", adverte.

Para o economista da Católica, "a prazo algo terá de ceder: o consumo privado ou a poupança".

Leia Também: EUA. Pedidos de subsídio de desemprego em máximos desde 2021

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