Humberto Pedrosa, que saiu no final de 2021 da estrutura acionista da TAP, após cinco anos de participação através do consórcio Atlantic Gateway, foi ouvido na terça-feira na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea. Falou sobre a saída de Alexandra Reis, sobre a intervenção do Estado em 2020 e, ainda, sobre a venda da empresa.
O Notícias ao Minuto reuniu, em cinco pontos, os pontos essenciais da audição de Humberto Pedrosa. Saiba o que disse aos deputados.
1. Alexandra Reis? É "grande profissional" e saída poderia ter sido evitada
O ex-acionista da TAP Humberto Pedrosa considerou Alexandra Reis uma "grande profissional", motivo pelo qual terá sido convidada para a NAV e Governo, defendendo que o problema poderia ter sido resolvido regressando para o cargo de diretora.
"Eu não a conhecia. Quem fez a seleção foi o David [filho de Humberto Pedrosa]. Desempenhou com grande sucesso o papel de centralizar as compras, coisa que não era fácil na TAP", explicou.
2. Sem "intervenção do Estado" em 2020 "a TAP acabava"
Humberto Pedrosa disse que sem a intervenção do Estado, em 2020, a companhia aérea acabava, mas considerou que a forma poderia ter sido outra, através de prestações acessórias e não em capital.
"Na realidade, não havia outra solução, senão a intervenção do Estado português na TAP. Esses fundos eram essenciais, ou o Estado intervinha e colocava os fundos necessários na TAP ou a TAP acabava e acho que foi uma boa opção", considerou Humberto Pedrosa, na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea, questionado pelo deputado social-democrata Paulo Moniz.
O empresário considerou, no entanto, que a intervenção poderia ter sido através de prestações acessórias, e não em capital, ou mesmo uma opção mista. Humberto Pedrosa rejeitou a ideia de ter sido "escorraçado" da TAP, porque, "na realidade, chegou a um ponto de não haver condições para poder continuar".
Se calhar, neste momento, não era o momento para vender a TAP. Se a TAP fosse minha, eu esperava por melhor oportunidade
3. Pedrosa só soube de fundos Airbus "mais tarde"
O ex-acionista da TAP disse hoje que só "mais tarde" teve conhecimento dos fundos Airbus, explicando que a negociação foi feita por David Neeleman, que para a capitalização da companhia "teve um empréstimo" da fabricante de aeronaves.
4. TAP "é uma boa companhia", mas precisa de ter uma boa gestão
Humberto Pedrosa disse que a empresa "é uma boa companhia" aérea, mas precisa de uma boa gestão, apontando que, antes da pandemia, foi avaliada em até 1.000 milhões de euros.
"Acredito na TAP, é uma boa companhia, uma grande marca, [...] precisa é de ter uma boa gestão", afirmou Humberto Pedrosa, na comissão parlamentar de inquérito à TAP, onde se congratulou por ter contribuído para a recuperação de uma companhia aérea que encontrou "sem saldo de caixa e pagamentos em atraso, em risco de não poder pagar salários".
Humberto Pedrosa disse que, em 2019, antes da pandemia que afetou severamente o setor da aviação, a TAP foi avaliada entre 800 milhões de euros e 1.000 milhões.
5. Venda? "Se TAP fosse minha, esperava por melhor oportunidade"
Por fim, o ex-acionista considerou que este não é o melhor momento para vender a companhia aérea e que, caso a empresa fosse sua, esperaria por "melhor oportunidade" para o fazer, mas nunca à Iberia.
"Se calhar, neste momento, não era o momento para vender a TAP. Se a TAP fosse minha, eu esperava por melhor oportunidade", respondeu.
Para Humberto Pedrosa, "tem que haver muito cuidado com a venda" da empresa, considerando que os critérios não podem ser apenas pelo valor.
"Mesmo que a Iberia pagasse melhor do que a Lufthansa, eu acho que deveríamos optar por uma Lufthansa ou por outra companhia, nunca pela Iberia", defendeu, considerando que há o risco do hub de Lisboa passar para Madrid.
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