Belmiro de Azevedo terá sido o empresário que mais empresas cotou na Bolsa nacional desde que esta foi reaberta em 1977, dá conta o Diário Económico. Desde 1983, quando cotou a Sonae, o empresário já terá dispersado o capital de mais de 20 empresas.
A relação do patrão da Sonae com o mercado de capitais terá sido mesmo essencial na expansão do grupo económico que gere, isto apesar das queixas públicas, como foi o caso da frase proferida em 1992: “a bolsa portuguesa, do ponto de vista das ações, não vale nada”.
O Diário Económico dá conta ainda da polémica que decorreu em 1987, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro. Em março desse ano, o Governo ‘cavaquista’ concedeu incentivos fiscais às empresas para que estas realizassem Ofertas Públicas de Vendas (OPV) de capital próprio na Bolsa.
Apesar do ‘crash’ de outubro desse ano, Belmiro de Azevedo avançou com a OPV de várias empresas, como a Modelo-Continente, Ibersol, Robótica, entre outras. Chegou a dezembro e a operação foi aprovada e efetivada por um conjunto de dez bancos. E no momento das OPV foram colocados, na moeda da altura, dois milhões e contos ao público tendo os bancos ficado com 3,5 milhões de contos. Tudo isto numa altura em que Belmiro tinha 15 empresas cotadas em Bolsa, divididas entre Lisboa e Porto, que na altura ainda existia.
As OPV que decorreram foram alvo não só de polémica mas também de inquéritos e inspeções a cargo dos reguladores, o Banco de Portugal e a Inspeção-geral de Finanças. No início da década de 90, já depois de a Sonae ter recomprado as ações e remunerado os acionistas, os processos acabaram arquivados.